O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), convidado do Café com Política da FM O TEMPO 91,7 desta quinta-feira (18), voltou a cobrar o apoio da base na Assembleia Legislativa nas votações dos projetos de lei mais polêmicos para o estado. Ele, inclusive, criticou o placar que resultou na aprovação, em primeiro turno, do projeto que autoriza o governo de Minas a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), e se mostrou surpreso com o comportamento de deputados do PL.
“Me espanta quem foi eleito dizendo que ia ser base e que agora de repente vota dessas formas. Até me chama a atenção um pouco o placar da votação da semana passada, quando a gente olha a mescla esquisita de deputados que votou contra o projeto. Eu esperava ver os deputados do PT votando contra, mas vi deputados do PL”, destacou.
Apesar da crítica, o vice-governador defendeu que os deputados esperem uma possível nova decisão do Supremo Tribunal Federal que pode adiar, ainda mais, o prazo para a volta do pagamento integral das parcelas da dívida de Minas Gerais, antes de votar o regime de recuperação fiscal. A ideia é dar tempo para a aprovação de um projeto alternativo, o Propag, idealizado pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, considerado por muitos como “menos desgastante”.
“Os deputados não querem votar o RRF porque ele impõe restrições orçamentárias ao longo do tempo, e havendo uma alternativa, eles preferem votar alternativa. Eu respeito e entendo. Agora eu não posso correr riscos demais. Então, se efetivamente o prazo acabar, vou ter que pedir a base para votar no dia 1º e tenho certeza que a base vai responder”.
Relação com o PL
Ao analisar o movimento da base, o vice-governador disse ficar “estupefato” com o comportamento de parte da bancada do PL na Assembleia Legislativa. Ele destacou, inclusive, que esses parlamentares estão “batendo bola” com a bancada do PT e chegou a questionar: “Em que momento que Beatriz Cerqueira se transformou na grande articuladora dos movimentos políticos do PL dentro da Assembleia?”.
“São os mesmos deputados que dizem que a gente tem que aumentar salário de servidor, que eu tenho que fazer concurso público e que eu não posso aderir ao plano de recuperação fiscal. A única explicação que esse deputado tem uma impressora de dinheiro debaixo da cama dele. [...] Tem umas figuras que a gente não consegue entender a troco de que estão trabalhando”.
Perguntado se há uma certa retaliação contra os deputados da base que votaram contra o governo, Mateus Simões negou, mas destacou que a relação com o governo não será a mesma com os parlamentares que votarem contra o governador.
“A gente cobra coerência. Deputado que quer ter interlocução plena com o governo, interferindo na forma como a gente governa, tem que estar pronto para estar com a gente na saúde e na doença. Os outros vão ter espaço para ser ouvidos, vão ser respeitados como mandatários, mas não vão governar conosco. Quem foi eleito a governar Minas Gerais foi o governador Romeu Zema e quem tiver com ele tem que estar com ele”.
Entrevista concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho