Enfrentando um processo por violência política de gênero, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) negou que tenha praticado algum crime e disse que apenas fez críticas às colegas deputadas. Ele destacou, ainda, que já sugeriu para as parlamentares que elas façam terapia:
“Eu falo para elas o seguinte: o lugar de vocês não é procurando processo, é procurando terapia. Vai procurar um psicólogo para tratar, porque isso que vocês tem aí é de uma fraqueza e de uma doença perigosa”.
A declaração foi feita durante conversa com o Café com Política da FM O TEMPO 91,7, desta sexta-feira (26). Na última sexta-feira (19), Caporezzo se tornou réu em uma ação requerida pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de violência política de gênero contra as deputadas estaduais Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT) e a deputada federal Dandara Tonantzin (PT). Ele tem mais uma semana para se pronunciar perante a Justiça.
“Me causa asco a postura dessas deputadas que não aceitam o que é uma democracia. Elas estão me processando por sátiras, porque eu peguei algumas falas delas que elas realmente falaram e satirizei porque são coisas tão absurdas. [...] O que elas estão fazendo é querer criminalizar a crítica. Eu ameacei alguém? Eu ofendi alguém? Eu xinguei alguém? Não, eu fiz uma crítica”, afirmou Caporezzo durante entrevista.
Na denúncia, o MPF alega que houve sete condutas de violência política contra as deputadas e relata diversas vezes em que o parlamentar debochou das vítimas nas redes sociais e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), além de ter descredibilizado denúncias de “estupro corretivo” sofridas pelas deputadas em agosto do ano passado. O órgão requer a condenação e a eventual perda do mandato e inelegibilidade por oito anos, além da fixação do valor mínimo de reparação do dano moral em R$ 60 mil para cada uma das vítimas.
Questionado se não acha que afirmar que as deputadas precisam de terapia seria uma violência de gênero, Caporezzo negou, e disse que tem respaldo legal como deputado para fazer críticas e sátiras dos colegas: “a pessoa que se coloca na posição de político, tem que estar disposto a receber crítica. Eu mesmo recebo críticas direto. Eu não posso simplesmente falar que é uma questão de violência de gênero.”
“Vai ficar provado na Justiça o seguinte, só acontece porque eu sou parlamentar de direita. Eu não vi nunca algum parlamentar de esquerda ser processado por algo assim, então é realmente lamentável e patético. Violência é violência. Eu pegar e falar que uma pessoa que não aceita crítica diz que não está conseguindo exercer o seu mandato porque foi feita uma sátira, é lógico que tem que procurar ajuda. Uma pessoa dessa não tem estrutura psicológica para exercer o cargo que ocupa”.
Entrevista concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho