Considerado o pai do milagre econômico no período da ditadura militar (1964-1985), Antônio Delfim Netto, um dos economistas mais poderosos do país e também uma das figuras mais complexas da história brasileira, faleceu na madrugada desta segunda-feira (12) em São Paulo, aos 96 anos. O ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em decorrência de complicações no seu quadro de saúde. Ele deixa uma filha e um neto.

Delfim foi ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva (1967-1969), Emílio Garrastazu Médici (1969-1973) e João Baptista Figueiredo (1979-1985) e deputado federal, mas também um dos principais conselheiros de presidentes petistas e de empresários. 

Veja abaixo a linha do tempo com a história de Delfim Neto:

1928: nasce, em São Paulo, Antônio Delfim Netto;

1948: inicia seus estudos universitários. Delfim fez parte da terceira turma de estudantes de economia na Universidade de São Paulo (USP);

1958: torna-se catedrático da USP, onde permanece como professor aposentado;

1966: Netto é nomeado secretário de Fazenda em São Paulo, no primeiro governo de Laudo Natel;

1967: é convidado por Costa e Silva para ocupar o cargo de ministro da fazenda, onde permaneceu até 1974. Em 13 de dezembro de 1968 votou a favor do AI-5, sugerindo, inclusive, um aprofundamento do poder do presidente de intervir na economia; 

1968: entre 1968 e 1973, na gestão de Delfim Netto à frente do ministério da fazenda, o país vivencia um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de em média 11%, queda da inflação e aumento do poder aquisitivo do empresariado e da classe média, fator que possibilitou o aumento do consumo e da produção de bens duráveis, especialmente eletrodomésticos e automóveis;

1974: é nomeado embaixador brasileiro na França durante o governo de Ernesto Geisel (1974-1979);

1979: Delfim assume a Secretaria de Planejamento. Na época, as condições da economia já não eram tão favoráveis. Os últimos anos da ditadura ficaram marcados pelo declínio da economia brasileira e pela explosão da dívida externa;

1986: é eleito deputado federal pelo Partido Democrático Social (FDS). No ano seguinte, participa da Assembleia Nacional Constituinte; 

1990: o ex-ministro é reeleito deputado federal pelo Partido Progressista Reformador (PPR). Delfim permaneceu na Câmara dos Deputados até a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2005;

2006: após o fim de seu mandato parlamentar Delfim passa a aconselhar o presidente com bastante frequência, o que gerou, no início do segundo mandato de Lula, especulações de que o ex-deputado estaria sendo sondado para ocupar algum ministério ou a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento BNDES, o que posteriormente foi descartado;

2021: Delfim afirma, ao Portal Uol, que voltaria a assinar o AI-5: “eu voltaria a assinar o AI-5. Eu tenho dito isso sempre. Aquilo era um processo revolucionário, vocês têm que ler jornais daquele momento. As pessoas não conhecem a história, ficam julgando o passado, como se fosse o presente. Naquele instante foi correto, só que você não conhece o futuro”.

2024: em decorrência de complicações em seu quadro de saúde, Antônio Delfim Netto falece aos 96 anos, em São Paulo.