Os dois nomes que ocupam os postos mais altos dentro da Polícia Militar de Minas Gerais, Rodrigo Piassi do Nascimento e Marcelo Ramos de Oliveira, deixaram os cargos de comandante geral da PM e chefe do Estado-Maior, respectivamente, nesta quarta-feira (24). Em cerimônia solene na Academia da Polícia Militar, novos nomes foram anunciados formalmente. A partir de agora, o coronel Carlos Frederico Otoni Garcia assume o maior posto dentro da corporação, enquanto o coronel Maurício José de Oliveira é nomeado chefe do Estado-Maior.
Durante o último discurso, enquanto comandante-geral da PM, Rodrigo Piassi, sem citar nomes, fez referência a um desentendimento com o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) acusando o parlamentar de ameaçar o "rompimento" da estrutura da corporação.
"Essa ameaça, algumas vezes, vem de uma mente rudimentar, que se senta na cadeira de presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em 1997, tivemos a primeira greve declarada de policiais militares no Brasil. Esse evento marcou um momento crucial na história dos policiais militares e teve reflexos em todo o país. Particularmente, aqui em Minas Gerais, as relações das tropas com o comando e com o governo foram profundamente alteradas. No ano seguinte, um dos líderes do movimento reivindicatório candidatou-se a deputado e foi eleito", disse Piassi.
"Troca rotineira"
Apesar de a medida ser tratada pela PM como um processo "rotineiro", desgastes na relação do comandante com Sargento Rodrigues, presidente da Comissão Parlamentar de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e outros parlamentares, são componentes adicionais existentes antes de Rodrigo Piassi deixar o posto. A corporação nega a relação e afirma que, em média, a troca desses cargos na PMMG ocorre a cada dois anos. Piassi assumiu o posto em janeiro de 2023.
Em abril deste ano, durante uma audiência pública na ALMG, quando Piassi foi chamado para explicar uma proposta de criar uma alíquota de 3% para financiar a assistência em saúde dos militares, ele e o deputado Sargento Rodrigues trocaram críticas.
Todo o embate entre o parlamentar e o comandante tem como motivação a recomposição salarial de perdas inflacionárias de 41,6%. A promessa foi feita pelo governador Romeu Zema (Novo) no seu primeiro mandato (2019-2022), mas apenas parcialmente cumprida.
O governador Romeu Zema, que empossou os militares aos novos cargos, disse que não será irresponsável em comprometer a orçamento do Estado para atender a reinvindicação. Em contrapartida, disse aos novos militares, cerca de 2.800, que eles terão a oportunidade de voltarem para casa ao final do curso ou de ficarem lotados próximos a residências.
Novo-comandante: "humildade e diálogo"
O novo comandante geral da PM Carlos Frederico Otoni Garcia foi Chefe do Gabinete Militar do Governador (GMG) e Coordenador Estadual de Defesa Civil. Ele prometeu humildade e diálogo com a tropa durante sua trajetória.
"O diálogo é a melhor forma de buscar melhores soluções para nossa PMMG. Eu estarei nos batalhões, justamente para conversar com a tropa, para entender e somar. Não sou melhor que nenhum outro militar. Preciso da minha tropa para ajudar não a minha, mas a nossa Polícia Militar", disse.
Sobre a relação que pretende manter com a ALMG, ele afirmou que vai fazer de tudo para defender a tropa.
"Tudo que puder ser favorável à nossa tropa e à nossa instituição, podem ter certeza que irei defender. O grande segredo está no equilíbrio, para que tudo isso não comprometa a nossa sustentabilidade enquanto instituição. Não estamos prestes a completar 250 anos de qualquer forma", completou.
O comandante deve se reunir na tarde desta quarta-feira (25) com todos os coronéis de polícia militar para discutir os rumos da corporação.