Com gritos em prol da preservação do meio ambiente, do acesso à moradia e à educação, centenas de manifestantes caminharam da praça Vaz de Melo, no bairro Lagoinha, até a praça Sete, no centro de Belo Horizonte, durante a 30ª edição do Grito dos Excluídos, neste sábado (7 de setembro). O trajeto percorrido teve cerca de 1,5 km e foi marcado por tradicionais músicas brasileiras e discursos de lideranças sociais.
“O nosso movimento surgiu na Igreja Católica entre os anos de 1994 e 1995 com o objetivo de denunciar as questões sociais no país. São várias lutas travadas e várias histórias ao longo destas três décadas”, relembrou Jair Gomes Pereira Filho, que integra a comissão organizadora.
O lema do movimento neste ano foi: “Todas as formas de vida importam. Mas, quem se importa?”. “A vida tem que estar em primeiro lugar, seja ela qual for. Atualmente, estamos vivendo os efeitos da crise ambiental e climática. Logo, temos que pensar na água, nas florestas, pois tudo isso recai sobre a vida humana e animal. Essa é a reflexão que propusemos”, destacou Pereira Filho.
Durante a caminhada até a Praça Sete, cartazes das edições anteriores do Grito dos Excluídos foram exibidos pelos participantes que iam no ‘abre-alas’. “Retratamos a nossa história e marchamos para que todos pudessem ver as nossas pautas defendidas ao longo dos últimos anos”.
A presidente da Associação de Defesa da Natureza da Região do Nacional (Ecovida), Maria Antonieta Pereira, destacou a importância de lutar pela preservação das nascentes do córrego Bom Jesus, que é um dos afluentes da Lagoa da Pampulha. “As nascentes estão secando por conta da invasão da construção civil. As construções estão sendo feitas sobre os brejos, e temos encontrado dificuldade para impedir que isso aconteça”.
“O Grito dos Excluídos nos deu a oportunidade de dar visibilidade à nossa luta. Nós estamos gritando pelo córrego Bom Jesus, pois ele não pode fazer isso. Ele está lá sendo assoreado, recebendo lixo e sofrendo as intempéries da emergência climática”, complementou.
O movimento foi um importante momento, na análise de Carlos Alberto Silva, coordenador geral da Pastoral Metropolitana dos Sem Casa, para denunciar a falta de moradia.
“O Grito dos Excluídos é um dos dias de reivindicação de quem não tem lar. A gente confia agora que as pessoas de baixa renda poderão ter a própria casa. Os números mostram que, a cada dez pessoas que estão no colar metropolitano, quatro não têm casa e duas moram em áreas de risco ou de favor. Pensar nesta política social é mais do que essencial”.
Candidatos a prefeito e a vereador de Belo Horizonte e de outras cidades da região metropolitana marcaram presença no Grito dos Excluídos.