O presidente estadual do Novo, Christopher Laguna, admitiu a possibilidade de o vice-governador e pré-candidato ao governo de Minas, Mateus Simões, migrar para outro partido, sob a condição de que o próprio Novo seja contemplado com a vaga de vice de uma chapa da direita. Rumores se tornaram cada vez mais fortes na última semana de que o vice-governador iria para o PSD já em outubro. O dirigente, porém, disse que não há, por ora, uma data definida para a saída de Simões do partido.
“Se for o melhor caminho para construir a direita ampla, na qual a gente tira o PT e a volta da esquerda, o Mateus pode estar em outro partido, desde que a vice esteja com a gente”, afirmou Laguna. Ele entende que o partido merece a posição de vice caso perca a cabeça de chapa para uma frente ampla da direita: “Seria uma preparação sucessória para o Novo em 2030, igual fizemos com o Mateus e o Zema”, projetou.
Também nesta terça-feira (30/9), o governador Romeu Zema (Novo) tratou a ida de Simões como certa ao dizer que seu governo caminha junto com vários partidos na Assembleia Legislativa, “inclusive o PSD, que é o partido para o qual o vice-governador está migrando”. Assim como o dirigente estadual, disse ver a saída do “braço direito” com naturalidade ao ser questionado por jornalistas sobre o assunto durante evento na Cidade Administrativa. “Política envolve caminhar junto com outros. A minha primeira eleição, em 2018, foi uma eleição excepcional, eu sozinho, sem mais ninguém. Já na minha reeleição em 2022, eu fiz aliança com nove partidos”, destacou.
O governador completou: “eu encaro isso com naturalidade devido à situação política no Brasil, ele ir a um partido onde ele vai ter mais visibilidade, onde ele vai aumentar as chances da eleição dele. Mas as propostas para Minas Gerais continuam as mesmas. Como eu tenho dito, ele é o meu braço direito aqui, e esse plano de governo que já está desenhado é o que vai continuar. Então o que interessa aqui é o seguinte: ele pode estar mudando de partido, mas o direcionamento do que acontece no governo não muda, até porque ele é um dos estruturadores de tudo isso que está acontecendo em Minas”.
Oficialmente, o PSD nem Mateus Simões confirmam a filiação, mas o pré-candidato também não nega. Em entrevista exclusiva a O TEMPO, na semana passada, o vice-governador disse que, eventualmente, pode ir para o PSD. Um obstáculo é o fato de o partido ser a casa do senador Rodrigo Pacheco, preferido do presidente Lula (PT) justamente para enfrentar a direita na disputa pelo governo mineiro. Na entrevista, Simões admitiu que pode até “dividir” o partido com Pacheco, desde que senador não seja candidato a governador.
Data contrasta com contexto nacional
A eventual mudança de partido de Simões não surpreende, já que o Novo praticamente não dispõe de tempo de rádio e televisão nem de recursos do fundo partidário, por não ter elegido um número mínimo de deputados federais no último pleito, mas chama atenção pelo “timing”. Rumores de que o vice-governador se filiaria ao PSD ainda este mês se contrastam com o compasso de espera que domina a cena política nacional.
Os políticos têm até abril do ano que vem para trocar de partido, enquanto as legendas têm até o início de agosto para definir seus candidatos nas convenções partidárias. Neste ano, até agora, dirigentes partidários e até pré-candidatos seguem evitando decisões definitivas sobre as eleições de 2026.
Essa indefinição no cenário nacional atinge diretamente as articulações em Minas. Enquanto informações de bastidores garantem que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já conta com a filiação de Simões para disputar o governo de Minas, a relação do partido com o presidente Lula indica uma contradição.
Neste ano, Kassab vem alternando elogios e críticas ao governo federal, sem definir ainda se o PSD seguirá na administração petista (onde conta com um ministro, Alexandre Silveira, de Minas e Energia), apoiando a reeleição de Lula, se lançará um nome próprio para disputar a Presidência ou se apoiará uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Caso Kassab decida não apoiar Lula em 2026, Pacheco precisaria buscar outra sigla que assegurasse espaço de palanque ao presidente em Minas em uma eventual candidatura ao governo. MDB e a federação formada por União Brasil e PP - que também não definiram seu apoio no próximo ano – chegaram a convidar Pacheco após ele deixar a Presidência do Senado, no final do ano passado.