O prefeito em exercício, Álvaro Damião (União), devolveu o placar da derrota que sofreu na Câmara dos Vereadores na eleição para a presidência da Casa. Na disputa, em 1º de janeiro, o vereador Juliano Lopes (Podemos) teve os votos de 23 dos 41 parlamentares, com o candidato de Damião, Bruno Miranda (PDT), ficando com 18. Dois meses depois, a situação se inverteu. Neste momento, 23 parlamentares fazem parte da base do governo na Casa, com os 18 demais mantendo alinhamento a Juliano ou adotando posicionamento independente.
Damião assumiu as articulações para a eleição da Mesa Diretora da Câmara por causa dos problemas de saúde enfrentados pelo prefeito Fuad Noman (PSD). O embate colocou sob tensão o relacionamento do governo com o comando do Poder Legislativo, confronto que ainda persiste. Com o quadro desfavorável, Damião adotou um "corpo a corpo" com os parlamentares que lhe valeu a virada no placar.
A estratégia consistiu em encontros com vereadores na prefeitura para distribuição de cargos na estrutura administrativa do município. Uma das indicações foi a de um aliado do parlamentar Claudio do Mundo Novo (PL) para administrador-adjunto da Regional Venda Nova. O vereador era um dos que haviam votado em Juliano para a presidência da Casa.
Ao atrair o integrante do PL na Câmara, Damião coloca ao seu lado um dos seis vereadores do partido, dono da maior bancada na Casa, com seis parlamentares. A legenda é ainda, uma das principais opositoras ao governo na Casa, apesar de ter se encontrado com o prefeito em exercício na prefeitura na semana passada.
Além de Cláudio do Mundo Novo, os outros vereadores que votaram em Juliano e anunciaram, ou passaram a demonstrar apoio à prefeitura são Wanderlei Porto (PRD), Janaína Cardoso (União), Marilda Portela (PL), e Diego Sanches (Solidariedade). Destes quatro, três, Wanderlei, Janaína e Diego afirmaram em entrevistas a O Tempo estarem alinhados ao governo. Já Marilda, em votação de Plenário no início deste ano, se posicionou a favor do governo na apreciação de um veto dado por Fuad em 2024.
Damião vem adulando os vereadores também de outra forma, uma que pode render ainda mais apoio na Câmara. Após ser duramente criticado na Casa por não estar pagando emendas parlamentares, o prefeito publicou no dia 22 no Diário Oficial do Município (DOM) a formação da Gerência de Emendas Parlamentares para a Administração.
As emendas são pedidos por verbas feitos pelos parlamentares para serviços e obras e colocados no orçamento anual da prefeitura aprovado pela Câmara. Neste caso, as propostas são de cumprimento obrigatório. A justificativa do líder do governo para a falta de pagamento foram problemas de ordem técnica na indicação dos recursos.
Apesar de Damião ter conquistado maioria na Câmara, o número não significa que a prefeitura consiga aprovar qualquer tipo de projeto na Casa. O Regimento Interno do Poder Legislativo de Belo Horizonte exige para textos sobre mudanças no código de posturas da cidade, por exemplo, 28 votos. O alívio para o governo é que não há projetos relevantes da prefeitura para serem aprovados na Casa.
Os principais textos, conforme integrantes da base na Câmara, foram aprovados no ano passado, entre os quais autorizações de empréstimos junto a instituições nacionais e internacionais para obras e a reforma administrativa, que criou quatro secretarias na estrutura administrativa do município. As novas pastas, que já começaram a funcionar, são as de Segurança Alimentar e Nutricional, Mobilidade Urbana, Administração Logística e Patrimonial e Secretaria-Geral.