O Partido Verde (PV) decidiu nesta terça-feira (1º de abril) pela suspensão do vereador de Belo Horizonte Wagner Ferreira da sigla. A medida foi definida em reunião conjunta dos diretórios estadual e municipal. O estopim para a atitude foi uma publicação no Instagram, na segunda-feira (31), da deputada federal Nely Aquino (Pode), na qual ela aparece ao lado do secretário de Governo de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP), e do vereador, dando boas-vindas a ele à “Família Aro”.

Segundo o presidente estadual do partido, Osvander Valadão, a medida ainda será oficializada e impede o vereador de manter qualquer atividade partidária e representar o partido na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), como participar de comissões, blocos e lideranças.

Wagner Ferreira é o único vereador do PV na CMBH e preside a Comissão de Administração Pública, uma das mais relevantes da Casa. Integra também o bloco Independência Democrática, que se posiciona como independente em relação à Prefeitura, embora seu partido ocupe cargos na gestão e desejasse que ele fizesse parte da base.

A assessoria do vereador foi contatada e informou que ele não se manifestará sobre o assunto.

Embate se arrasta há meses

Desde que foi eleito, Wagner Ferreira tem adotado posições contrárias às diretrizes do PV. No dia seguinte à reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD), ele apareceu em um vídeo ao lado de outros 22 vereadores eleitos ou reeleitos. A gravação, publicada por Marcelo Aro, declarava apoio à candidatura de Juliano Lopes (Pode) para a presidência da Câmara de BH, em um momento que a prefeitura ainda não tinha se debruçado sobre o assunto.

Wagner tinha apoiado a reeleição de Fuad - mesmo com o deputado federal Rogério Correia (PT) como candidato da federação partidária PT-PCdoB-PV - antes mesmo do PV lançar um manifesto de apoio a Fuad. Era esperado que ele integraria a bancada da esquerda e comporia com o governo. Com isso, a declaração de apoio em uma gravação com a chamada 'Família Aro' - grupo político encabeçado por Marcelo Aro - já teria causado incômodo dentro do partido.

Em janeiro, Wagner foi contra a orientação do partido de votar no vereador Bruno Miranda (PDT), que foi lançado posteriormente pelo Executivo municipal para a presidência da Casa. O episódio desgastou de vez sua relação com a sigla, que havia destinado R$ 150 mil para sua campanha. Segundo interlocutores do partido, Wagner também era uma aposta para 2026, em uma possível "dobradinha" para deputado estadual e federal. Hoje, o PV não o considera mais como candidato.

A assessoria do vereador afirma que ele pretende disputar a eleição para deputado estadual e que "sem dúvida, o apoio do secretário Marcelo Aro tem muito peso". Aro, no entanto, pertence a outro partido e grupo político, além de ser alinhado à direita, enquanto o PV está posicionado à esquerda. 

Na publicação feita por Nely Aquino, na segunda-feira, a deputada escreveu: "nosso trabalho é por BH e por Minas, nos unimos com o propósito de fazermos uma política de diálogo e construção, voltada para o cidadão. Feliz em te dar as boas-vindas a este grupo/família, meu amigo".