BRASÍLIA - A disputa pela presidência do PT, em eleição marcada para julho, ganhou novos contornos na última semana, quando o ex-presidente do PT deputado federal Rui Falcão (SP) anunciou sua candidatura ao comando do partido, em oposição ao ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, que é o preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo.
No centro da disputa, estão as articulações para eleições de 2026 e o controle do caixa da legenda. O PT é comandado interinamente pelo senador Humberto Costa (PE), que assumiu, em março, após Gleisi Hoffmann deixar o cargo para assumir a Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula.
Rui Falcão, que espera contar com o apoio de mais de 70 parlamentares, disputa diretamente com Edinho, o que pode levar a eleição para um segundo turno. Apesar de ser o preferido de Lula, o ex-prefeito de Araraquara tem enfrentado resistência dentro da ala que integra. Mas, segundo aliados, já tem votos que lhe garantiriam vitória em primeiro turno.
Falcão foi um dos coordenadores da campanha de Lula à Presidência em 2022, ao lado do ex-prefeito de Araraquara e do atual ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira. Ele também já foi presidente do partido, em 2017, antecedendo Gleisi Hoffmann.
Para justificar sua candidatura, Falcão enviou uma carta aos militantes em que defende um PT vigoroso e aguerrido que “enfrente a direita não com flores”. “Você não combate o fascismo, como dizem que nós estamos aqui no fascismo, com flores. Você combate com mobilização social, com luta”, disse.
Até o momento, foram lançadas oficialmente quatro candidaturas: a de Edinho Silva, da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil; de Romênio Pereira, do Movimento PT; de Walter Pomar, da Articulação de Esquerda, e Rui Falcão, que não pertence a nenhuma corrente.
O ex-prefeito de Araraquara tem viajado pelo país em campanha. Mais alinhado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Edinho ainda tem o apoio de outras lideranças do PT, como José Dirceu, Jaques Wagner, Wellington Dias e Alexandre Padilha.
No entanto, Gleisi e outros integrantes do partido resistem ao nome dele e buscam lançar outra candidatura.
Mais lenha na fogueira
O prefeito de Maricá e atual vice-presidente do PT, Washington Quaquá, afirmou, na última quinta-feira (10), ser candidato ao comando do partido, em uma publicação nas redes sociais. Alegando querer “um PT popular, dentro das favelas de todo país”, ele afirmou que Edinho “nunca sujou os sapatos numa comunidade”. “Não sabe o que é o povo. Além disso, não tem condições de unificar o partido”, acrescentou.
Na publicação, Quaquá também elogiou a gestão de Gleisi, dizendo que a petista iniciou o processo de revitalização da agremiação e que teve papel fundamental na vitória do atual mandatário em 2022, contra Jair Bolsonaro (PL).
Disputa pelo caixa do partido
Outra questão que vem gerando desgastes internos é o controle do caixa do PT. Em fevereiro, o partido aprovou mudança no estatuto para permitir a reeleição de parlamentares e dirigentes partidários que já tenham exercido três mandatos consecutivos na mesma Casa Legislativa ou instância da legenda.
Com isso, a decisão permite a reeleição da tesoureira do partido, Gleide Andrade.
Mas aliados de Edinho afirmam que tradicionalmente a tesouraria fica a cargo de pessoas de confiança dos presidentes da sigla.