O professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Moacir de Freitas Júnior, atribui a Tancredo Neves, ao lado de Ulysses Guimarães, a personificação do desejo de uma geração de viver em um país democrático. Ulysses Guimarães, também do PMDB, foi presidente da Assembleia Nacional Constituinte, instalada para aprovar a Constituição de 1988, em vigor até hoje. Nesta segunda-feira (21 de abril), completam-se 40 anos da morte de Tancredo.
"No estertor da mais sangrenta ditadura que o Brasil já conheceu, a vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral foi o epílogo da luta pela democracia. Havia na população uma vontade enorme de exercer a democracia, de enfim viver em uma país livre do arbítrio e este sentimento se sintetizava em Tancredo Neves", analisa o professor da UFU.
Para Freitas, o martírio e a morte de Tancredo impactaram a sensação de que havia chegado a hora da liberdade. "Quis o destino que a transição fosse feita sem ele, mas é certo que sua existência emblemática de ser o escolhido para guiar o país para a liberdade foi decisiva, mesmo depois de sua morte, para que não houvesse retrocessos na caminhada do Brasil para uma nova etapa política", avalia.
O professor aponta que a importância de Tancredo no cenário nacional permanece viva. "Quando uma vez mais as instituições são chamadas para proteger nossa democracia, ameaçada pelos acontecimentos do 8 de janeiro, lembrar de Tancredo e de tudo o que ele representou para a história política do Brasil, especialmente seu compromisso inabalável com as liberdades democráticas, é fundamental", argumenta.