Sete vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) protocolaram, nesta terça-feira (22 de abril), uma moção de apoio ao deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), alvo de um processo de cassação que pode resultar na perda de seu mandato. O documento é endereçado ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em Brasília. Após a aprovação do relatório do Conselho de Ética, que deu parecer favorável à cassação do parlamentar por quebra de decoro parlamentar, Braga reagiu com uma greve de fome que durou oito dias, de 9 a 17 de abril.

Assinam a moção as vereadoras do PSOL Juhlia Santos, Cida Falabella e Iza Lourença; os parlamentares petistas Luiza Dulci, Pedro Patrus e Pedro Rousseff; e Wagner Ferreira, do PV. No documento, os parlamentares classificam o movimento pela cassação de Glauber Braga como um processo de “perseguição pessoal” e “silenciamento” promovido pela extrema-direita e pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a quem acusam de interferência no processo. No texto, os vereadores da capital mineira ainda reforçam a visão já verbalizada por outros correligionários em Brasília de que a decisão tem relação com a denúncia pública feita por Glauber em relação ao chamado “orçamento secreto”, com atuação de Lira. 

O grupo usa a moção para questionar a gravidade da atitude de Glauber - que chutou e expulsou um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) na saída da Câmara, em abril de 2024. “Glauber recebeu a sanção máximo do Conselho, a cassação, porque teria faltado com decoro parlamentar por ter expulsado da Câmara um provocador profissional do MBL, que por meses afrontou e importunou cotidianamente o deputado, em atitude de stalker, chegando a graves ofensas à honra de sua mãe, adoentada e terminal”, argumentam. 

Os vereadores também comparam a ação do psolista à de outros colegas da Casa, que não receberam a mesma sanção. “A mesma composição do Conselho de Ética deixou de indicar a cassação em casos graves, como da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que em 2022 sacou uma arma, apontou e perseguiu um jornalista negro no meio da rua e, por esse ato, caminha para punição pelo STF. O relator encomendado para o processo contra Glauber, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que indiciou a cassação, já foi ele mesmo protagonista de agressão física a escritor na Câmara dos Deputados e votou em separado e se absteve quanto à cassação de Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL)”, aponta o documento. 

Por fim, os parlamentares da capital mineira classificaram o processo como uma “farsa”. “Ressaltamos o caráter de farsa desse processo e sua transcendência para a defesa de todas as representações dos trabalhadores na Câmara e seu papel a serviço da classe trabalhadora, do povo brasileiro, do serviço público e dos servidores e contra o orçamento secreto. Essa luta exige unidade de todas as forças políticas e sociais democráticas e populares”, finalizam.