A candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin para presidência do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais (PT-MG) foi barrada, pelo menos por enquanto, por uma decisão da Executiva Nacional da legenda. A reunião para tratar do assunto foi realizada nesta segunda-feira (23 de junho); foram 15 votos contra a candidatura e 14 a favor. O voto de desempate teria sido do presidente do partido, Humberto Costa. Ainda cabe recurso da decisão ao diretório nacional.
O problema começou por causa de uma dívida que Dandara teria com contribuições atrasadas ao partido. Ela alega que fez o pagamento, de aproximadamente R$ 130 mil, dentro do prazo estabelecido pelo partido, em 29 de maio, mas que o valor teria sido devolvido pelo banco e que ela só teria percebido que o valor não teria sido pago, posteriormente, por um aviso vindo do próprio banco.
A decisão da Executiva Nacional foi um golpe na estratégia elaborada pelo grupo do deputado federal Reginaldo Lopes, um dos principais articuladores da candidatura de Dandara, para manter influência sobre o diretório de Minas Gerais. Ele também é o principal fiador do atual presidente do partido, deputado estadual Cristiano Silveira, que enfrentava dificuldades para alianças que garantiriam a continuidade no comando da legenda. “Acreditamos na justiça , um erro técnico Bancário não pode impedir a nossa democracia interna e a livre escolha do nosso próximo presidente do partido”, destaca Reginaldo.
Alianças
Com o lançamento de Dandara, foi possível reunir alianças importantes dentro do PT de Minas, como o apoio da prefeita de Contagem, Marília Campos; e dos grupos vinculados ao deputado federal Miguel Ângelo e ao ex-deputado Virgílio Guimarães, neste último que culminou com a desistência do deputado estadual Ricardo Campos, que também era candidato.
Em nota, a deputada federal Dandara e seus apoiadores afirmam que um erro bancário foi utilizado de forma “parcial e tendenciosa”. “Um erro técnico bancário, que não foi causado pela companheira Dandara, imediatamente solucionado assim que descoberto, foi utilizado de maneira tendenciosa e parcial para tentar barrar sua candidatura à presidência do PT de Minas Gerais. Na votação de hoje da Executiva Nacional, quase conseguimos corrigir essa injustiça. Em uma votação decidida em 15x14, ou seja, quase empatada, não reconheceu nosso recurso mesmo com todas as provas apresentadas”, diz o texto.
Eles defendem que a cultura do PT garante força a base e que seguiram firmes com a candidatura. "Em 1984, o PT lançou um dos slogans mais marcantes da nossa história: 'Presidente quem escolhe é a gente'. Inspirados nessa luta profunda por democracia, queremos reafirmar: Dandara é candidata a presidenta do PT de Minas Gerais", diz o texto.
"Esta candidatura (Dandara) é fruto da união de diversas tendências do PT em Minas Gerais, um projeto coletivo, construído com coragem e compromisso com a base. Deixem o filiado decidir. Deixem a militância escolher. Esse partido é de todos e todas nós", conclui a nota.
Xadrez petista
Outros três candidatos disputam o comando do PT de Minas: Esdras Juvenal, que foi candidato do PT em Iturama, no Triângulo; e Juanito Vieira, vinculado ao PT de Juiz de Fora; e a vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputada Leninha, que ganha força e vira favorita, caso seja confirmada a exclusão de Dandara da disputa.
As eleições para escolha da nova direção do PT, em Minas e no Brasil, será realizada em 6 de julho. A expectativa é que o presidente da legenda marque uma reunião para que o Diretório Nacional possa avaliar a questão antes da realização do processo de eleição interna da legenda, mas ainda não há uma data prevista.