O vereador de Belo Horizonte Vile Santos (PL) afirmou, em entrevista ao Café com Política, exibida nesta quinta-feira (26/6), que o PL ainda pretende se reunir com o prefeito Álvaro Damião (União), enquanto bancada, para discutir “questões ideológicas e uma eventual composição”. Segundo ele, o chefe do Executivo municipal ainda está “engatinhando” e em processo de estruturação da administração.

“O PL deve sentar para conversar com o prefeito futuramente, mas as demandas que tenho encaminhado para a cidade estão sendo atendidas. A questão mais ideológica, de composição, ainda precisa ser discutida. Ainda não tive a oportunidade de sentar com o prefeito para tratar de certas pautas. Acredito que ele ainda está montando seu governo, até por conta da situação em que assumiu”, afirmou o vereador.

“BH também tem ideologia”, diz vereador sobre embates na Câmara

Durante a entrevista, Vile também rebateu críticas de que a Câmara Municipal estaria excessivamente focada em debates ideológicos e nacionalizados. Para o parlamentar, as discussões polarizadas no Legislativo não têm comprometido as pautas locais e fazem parte do processo democrático.

“Quando a gente trata de algo ideológico, o belo-horizontino também tem sua ideologia. Não entendo por que dizem que é um debate nacional. O morador de Belo Horizonte tem seus candidatos, seu senso de ideologia. Esses embates naturalmente vão acontecer porque ganham repercussão. Mas 95% do tempo tratamos de questões locais. A Câmara sempre foi ideológica — tanto à esquerda quanto à direita. Isso é normal. Democracia é isso”, afirmou.

Vile também rejeitou o argumento de que o Legislativo tem aprovado projetos inconstitucionais. Segundo ele, essa crítica é usada como estratégia política por opositores.

“Às vezes, quem não vence no argumento tenta deslegitimar o projeto alegando inconstitucionalidade. Faço parte da Comissão de Legislação e Justiça, que analisa se os projetos são constitucionais. Esse processo é bem criterioso. Já houve projeto de aliado meu que eu mesmo deixei de levar adiante. É normal o vereador ter uma ideia, apresentar e depois perceber que não se sustenta”, pontuou.

“Bolsonaro é essencial para 2026”

Sobre as eleições de 2026, o vereador, que não descarta disputar o Senado, afirmou que a escolha do nome do PL para a vaga será feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Quem decide é o Bolsonaro. A decisão passará por ele. Todos os nomes colocados têm total competência para assumir essa candidatura”, disse, referindo-se aos deputados federais Domingos Sávio (PL) e Eros Biondini, além do deputado estadual Cristiano Caporezzo, também cotados.

De acordo com Vile, o PL quer montar uma chapa majoritária forte para o Senado e o governo de Minas. Questionado se o partido pode abrir mão da disputa ao Palácio Tiradentes, ele afirmou que a definição virá mais adiante.

“O PL precisa montar uma chapa vencedora. Temos muito interesse no Senado e queremos uma candidatura forte que represente nossos valores e tenha chances reais. O Nikolas colocou o nome à disposição para o governo. Temos também o senador Cleitinho, que, embora esteja no Republicanos, é um aliado. Tudo dependerá da composição e da decisão do presidente Bolsonaro, que tem visão política apurada e acompanha de perto o cenário mineiro”, destacou.

Vile negou que a visita do ex-presidente Bolsonaro ao vice-governador Matheus Simões (Novo), nesta quinta-feira, tenha relação com articulações eleitorais. “É uma visita protocolar. O governador está em viagem, e o Matheus é o governador em exercício. Bolsonaro vai passar pela Cidade Administrativa e tomar um café com ele. É só cortesia. O presidente vai deixar para definir apoios mais perto da eleição”, declarou.

“Lula não deixou ninguém crescer; Bolsonaro formou líderes”, diz vereador

No cenário nacional, Vile defendeu que Bolsonaro é figura indispensável para a direita em 2026 e que sua liderança foi decisiva para o surgimento de novas figuras políticas.

“Antes, só havia esquerda no Brasil. Bolsonaro chegou sozinho, fez a direita acontecer no Congresso e está formando novas lideranças. Ele sabe que ninguém é eterno, mas é essencial para a direita. O Lula não deixou ninguém crescer perto dele. Já Bolsonaro formou líderes como Tarcísio, Nikolas e Jorginho. Ele faz política em prol do grupo, não só dele”, analisou.

Apesar de reconhecer o protagonismo do ex-presidente, Vile considera natural que governadores como Romeu Zema (Novo) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) manifestem interesse em disputar a Presidência.

“Não acredito em sucessor agora. A política é como nuvens, muda o tempo todo. Mas é direito deles quererem ser candidatos. O Zema fez um bom trabalho fiscal no segundo mandato, embora eu tenha diferenças com ele. O Tarcísio é inteligentíssimo, está fazendo um trabalho exemplar em São Paulo. Se não fosse por isso, o Lula estaria em situação muito pior. Governadores de estados relevantes naturalmente cogitam disputar a Presidência”, concluiu.