O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), "bateu o martelo" em quase todos os comandos das diretorias regionais da Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas. Entre quarta (2) e quinta-feira (3 de julho), o mandatário nomeou cinco chefias. O movimento ocorre três meses após ele anunciar a divisão da coordenadoria em nove regionais. A exclusão do PSD - partido de Fuad Noman - da rodada de nomeações gerou desconforto na cúpula estadual da sigla.
Nesta quinta-feira, foram definidos os comandos das regiões Nordeste, Venda Nova e Oeste. Na Nordeste, a chefia ficará com Fábio Dias da Costa Santos, até então assessor parlamentar do vereador Tileléo (PP), que tem base na região. Procurado, o vereador afirmou que o novo diretor regional é “morador da nossa regional que conhece muito bem os bairros aqui da região e já segue comigo na luta há muitos anos e na construção de uma cidade melhor”.
Já a regional de Venda Nova ficou com Roberto Elbo Gonçalves, registrado nas urnas como "Roberto da Farmácia". Ex-vereador pelo Avante, ele assumiu o mandato em 2023 após Claudiney Dulim (Avante) ser nomeado secretário de Assuntos Institucionais. Nas eleições de 2024, tentou retornar à Câmara pelo Podemos e, embora tenha obtido uma votação expressiva (6.516 votos), não conseguiu se eleger.
Outro candidato que recebeu uma diretoria foi Pedro Lelis Nascimento Moreira, pela regional Oeste. Ele foi candidato pelo PP em 2024 e obteve 1.670 votos. O novo diretor estava como secretário da presidência no Gabinete da Presidência da Câmara Municipal da capital, do presidente Juliano Lopes (Podemos).
A divisão da Coordenadoria de Vilas e Favelas em regionais foi anunciada por Damião um dia após assumir a prefeitura oficialmente, em 4 de abril. Após a criação da estrutura, a partir da reforma administrativa promovida por Fuad Noman (PSD) no final do ano passado, a expectativa era de que o vice Damião fosse o coordenador de Vilas e Favelas, mas os planos mudaram com o agravamento do quadro de saúde de Fuad.
No dia 4 de abril, Damião também apresentou o coordenador da pasta: o ex-vereador Marcos Crispim, 1º suplente do DC após conseguir 8.727 votos.
Outras nomeações
Na quarta-feira, houve outras três nomeações: na Pampulha, Antônio de Souza Vitor, até então assessor do vereador Cleiton Xavier (MDB). Ele confirmou à reportagem que o nome foi uma indicação dele.
Na regional Norte, foi nomeado Guilherme Novais Sampaio, que estava como assessor do vereador Rudson Paixão (Solidariedade) - cujo reduto é na região. O parlamentar foi questionado se o nome foi uma indicação dele, mas não retornou até a publicação desta matéria.
Já o vereador José Ferreira (Podemos) confirmou que indicou Edson da Silva Santos como diretor da regional Noroeste, onde fica sua base.
Barreiro
Nos últimos meses, as únicas regionais que tinham recebido nomeação eram a Leste e a Centro-Sul. A regional Leste foi para o comando do ex-vereador Gilson Guimarães (PSB), que não conseguiu se reeleger no ano passado depois de obter 3.105 votos. Seu partido também não conseguiu uma cadeira.
Já a Centro-Sul foi para o líder comunitário Júlio César Evaristo de Souza, o Júlio Fessô (PSD), que também tentou, mas não conseguiu ser eleito no ano passado. Ele é o terceiro suplente do partido, com 4.180 votos.
Com os novos nomes definidos, resta apenas uma diretoria: a do Barreiro. Terceira regional mais populosa de Belo Horizonte - atrás apenas da Oeste e da Nordeste -, o Barreiro é a que tem maior número de representantes na Câmara Municipal. Esse peso político pode estar por trás da demora na escolha, já que a vaga poderia estar sendo disputada por diferentes vereadores.
O Barreiro também é a única região sem um administrador no âmbito das "Administrações Regionais", que auxiliam as secretarias municipais na implementação das políticas públicas regionalmente. A ausência reforça a ideia de um embate localizado. O comando está vago desde 17 de abril.
PSD não aparece nas nomeações
A maioria das indicações veio de vereadores da "Família Aro" - grupo político liderado pelo secretário de Estado de Governo, Marcelo Aro (PP) -, que atualmente compõe com Damião. Enquanto isso, chama a atenção a falta de nomeações de nomes ligados ao PSD, partido do prefeito reeleito Fuad Noman. Damião era o vice e assumiu a chefia da prefeitura depois que Fuad morreu, no final de março, por complicações de um Linfoma não Hodgkin.
Procurado, o presidente do partido em Minas, deputado estadual Cássio Soares, afirmou que a sigla não foi chamada para conversas nem para indicações desde a morte de Fuad. "Nós não fomos procurados pelo prefeito. Temos bons quadros, mas a discricionariedade de nomeações é dele, não vamos ficar correndo atrás", afirmou.
"Estranha é a frieza e o distanciamento de uma equipe fundamental para a vitória", avaliou o líder do PSD no estado.
Nos bastidores, circulava a informação de que os suplentes do partido Charles Brasileiro e Bruno Brucce poderiam assumir, respectivamente, as regionais da Pampulha e Oeste, o que não ocorreu.