A vereadora Marcela Trópia (Novo), em entrevista ao Café com Política, exibida nesta sexta-feira (22/8) no canal de O TEMPO no YouTube, criticou o perfil político da composição da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). A parlamentar, que está em seu segundo mandato, disse que “sente muito pelo presidente” da Casa, Juliano Lopes (Podemos) e que ele “trabalha com o que tem”. Segundo ela, em seu primeiro mandato, a Câmara debatia mais temas de Belo Horizonte, enquanto a legislatura atual está mais focada em Brasília. "A Câmara está muito polarizada, e o presidente Juliano (Lopes) está tendo que enfrentar esses desafios de colocar na pauta projetos, inclusive inconstitucionais, porque é o que tem chegado", declarou. 

Trópia apontou ainda que os vereadores trazem para o debate assuntos que são de competência do Congresso Nacional ou da União apenas para ganhar visibilidade. "A Câmara fala para si própria, para suas bolhas. Parece que se desconecta da cidade e a gente fica discutindo assuntos que não geram resultados concretos na vida das pessoas". Ainda segundo ela, "a falta de protagonismo da Casa abre espaço para que o Executivo avance com sua agenda sem resistência", completou.

A parlamentar também criticou a atuação de colegas que, segundo ela, priorizam pautas de competência federal em busca de projeção política. “A Câmara fala para si própria, para suas próprias bolhas. Parece que se desconecta da cidade e a gente fica discutindo assuntos que não geram resultados concretos na vida das pessoas”, afirmou. Para Marcela, a falta de protagonismo da Casa abre espaço para que o Executivo avance com sua agenda sem resistência.

Vereadora cobra pagamento de emendas, mas avalia melhora na relação com PBH: 'Não tem por que ficar gritando se as pessoas estão com os ouvidos abertos'

Apesar das críticas à atual legislatura, Trópia elogia a relação da prefeitura com a Câmara. Segundo ela, a atual gestão tem adotado uma postura mais aberta ao diálogo e mais ágil na resolução das demandas parlamentares, o que reduz os embates entre o Legislativo e o Executivo. "Quando a gente tem uma prefeitura em que o secretário de Governo te atende, em que o secretário de Saúde te responde, em que o secretário de Meio Ambiente resolve sua pauta em três, quatro dias, não tem por que eu criticar em rede social, se de imediato as coisas estão acontecendo". 

A vereadora também aponta avanços no processo de execução de emendas, destacando a criação de uma equipe dedicada exclusivamente ao acompanhamento da destinação dos recursos. "Antes, havia apenas duas pessoas para atender a todos os vereadores, o que gerava atrasos. Agora, o processo ficou mais ágil", disse. No entanto, segundo ela, ainda existem pendências, especialmente na área de obras, onde o andamento de algumas iniciativas tem sido comprometido pela execução ineficiente de algumas empresas.

Marcela Trópia fala em cautela sobre Tarifa Zero, mas defende rompimento de contrato com empresas de ônibus: 'Tudo hoje é enxugar gelo'

Para Trópia, o "Tarifa Zero" é uma pauta de cidade que a Câmara precisa trabalhar e “não se trata de ser contra ou a favor”, mas a vereadora defende que antes de discutir  “como financiar o Tarifa Zero”, é preciso saber “como o sistema é financiado hoje”. Ela critica a falta de transparência nos dados do transporte coletivo e cobra um "reset" no modelo atual, com rompimento do contrato em vigor, que considera ineficiente e ultrapassado. “Do jeito que está, tudo será remendo, será enxugar gelo”, resumiu.