Sob sol forte, milhares de manifestantes participaram neste domingo (21/9), em Belo Horizonte, de manifestação contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Blindagem e a anistia dos condenados por tentativa de golpe em 8/1, dentre eles o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), sentenciado a 27 anos de prisão.

Organizadores do ato afirmam que 50 mil pessoas participaram do movimento, que começou na Praça Raul Soares, região central da capital mineira, e seguiu até a Praça da Estação, passando pela Praça Sete - coração da cidade.

Três tiros elétricos foram utilizados no ato. De um deles, ainda na Praça Raul Soares, a cantora Fernanda Takay, da banda Pato Fu, fez uma pequena apresentação, com sucessos da banda, como "Sobre O Tempo". "É sempre pior do que a gente possa imaginar", disse a cantora antes da apresentação, ao comentar o cenário no Congresso Nacional.

Chamou a atenção dos manifestantes um varal com fotos e nomes dos deputados mineiros que votaram a favor da PEC, chamados de "traidores". Dentre os parlamentares, estão expoentes do PL, como Nikolas Ferreira, e do PT, como Odair Cunha.

A PEC teve o texto-base aprovado pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira (17/9), e segue para análise do Senado. A proposta dificulta a abertura de processos criminais e a prisão de deputados federais e senadores.

Com relação à anistia, um projeto de lei em tramitação também na Câmara tenta extinguir as penas atribuídas aos condenados, grupo no qual se encontram os envolvidos diretamente nos atos do 8/1 de 2023.

Gritos contra Zema e Trump

No percurso entre as três praças houve discursos de sindicalistas e gritos dos manifestantes de "sem anistia" e "Bolsonaro na prisão". Em alguns momentos, os participantes deram gritos de "Fora Zema" e contra o presidente norte-americano, Donald Trump: "ai, ai, ai, se empurrar o Trump cai".

Por causa da manifestação, o trânsito em uma pista das avenidas Amazonas e dos Andradas foi paralisado. Ainda na Praça Raul Soares, a vereadora Iza Lourença (PSOL), discursou. "Tem gente que diz que há muitos bandidos na favela, mas tem bandidos é na Câmara Federal", disse. 

Mar vermelho, verde e amarelo

O cenário era um mar de vermelho, cor que representa, mundialmente, os movimentos de esquerda, e o verde e o amarelo, da bandeira brasileira, até pouco tempo apropriados pelos bolsonaristas.

Com a camisa da seleção brasileira, o fisioterapeuta Lucas Martins, de 29 anos, afirma não ser possível ficar em casa em um momento como o vivido pelo país. "É importante demonstrar nas ruas que não concordamos com o que está acontecendo no Congresso Nacional. E o troco virá nas eleições do ano que vem", disse.

Também presente ao ato, o ex-vereador por Belo Horizonte Arnaldo Godoy (PT) ressaltou que o momento exige a participação popular. "Diante do que está acontecendo na Câmara dos Deputados, com a aprovação de um projeto que afronta a democracia, afronta a Constituição, o único caminho que a população brasileira tem é ir para as ruas".