SEMANA DAS MULHERES

"A Assembleia ainda é um ambiente hostil para as mulheres", diz deputada

Para Ana Paula Siqueira (Rede), episódios de agressão por parte de deputados ainda acontecem no Legislativo e, para modificar a situação, é preciso mudar a cultura que vem do conservadorismo e do machismo que naturaliza a violência contra a mulher

Por Ana Karenina Berutti
Publicado em 07 de março de 2023 | 09:52
 
 
 
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A deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) disse que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), ainda que, nesta legislatura, tenha um número recorde de parlamentares – 15 deputadas entre os 77 eleitos – não é um ambiente favorável para as mulheres. “A Assembleia ainda é um ambiente hostil para as mulheres, basta ver episódios recentes de deputados que agridem frontalmente as mulheres no parlamento”, pontuou. Para a deputada, que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na ALMG, a luta para se ter mais mulheres ocupando espaços de poder e decisão passa pela formação política e a mudança da cultura conservadora e machista que naturaliza a violência contra a mulher.

Na Assembleia Legislativa, a parlamentar disse que as pautas para redução da violência contra as mulheres unem as deputadas. “Nós vamos trabalhar nos pontos que nos unificam, e a violência contra as mulheres, políticas de proteção e promoção da independência são pautas que, independente do espectro ideológico, unificam todas nós”, assinalou Ana Paula Siqueira.

Na opinião da deputada, tudo que prevê mudanças precisa vir com abertura de espaço. “Não dá para se fazer como sempre se fez, é preciso ceder espaço. E isso gera uma disputa muito grande porque, para cada mulher que chega ao parlamento, um homem sai”, disse Ana Paula Siqueira. Ela ainda destacou que algumas deputadas se sentiram desrespeitadas e diminuídas na Assembleia Legislativa durante o processo de divisão de espaço nas comissões temáticas, principalmente nos partidos que têm mais homens do que mulheres. Mas a deputada reconheceu que houve avanços, pois, pela primeira vez na história do parlamento mineiro, uma mulher está ocupando lugar na Mesa Diretora da Casa, como é o caso da deputada Leninha (PT) que é a 1ª vice-presidente da ALMG.

A parlamentar não poupou críticas ao governo do Estado, assinalando que Minas Gerais lidera o ranking de violência contra as mulheres e de feminicídios. Para Ana Paula Siqueira, as políticas públicas voltadas para as mulheres não saem do papel. Para a deputada, “falta atitude” por parte do governador Romeu Zema (Novo) para que as propostas saiam do papel e mudem, de fato, essa realidade. Ela reconhece que há mulheres participando do governo, mas pondera que essa participação não vem com o compromisso de garantir mais espaço para as mulheres nos postos de comando. “Nesse quesito, Minas Gerais está bastante aquém do que deveria estar”, criticou a parlamentar durante entrevista ao programa Café com Política da Rádio Super 91,7 FM, nesta terça-feira (7/3). O programa, nesta semana que se comemora o Dia Internacional da Mulher, tem convidado mulheres que ocupam ou já ocuparam espaços de poder para trazerem suas experiências.

Já em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ana Paula Siqueira elogiou o número recorde de ministras e a escolha de mulheres presidindo bancos, como nos casos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, além de destacar a criação do Ministério das Mulheres com o objetivo de resgatar as políticas públicas que foram abandonadas no último governo.

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