Belo Horizonte

Acordo entre Gabriel e Juliano para revezar na presidência da Câmara é quebrado

Pacto teria sido quebrado pelas duas partes, mas estopim teria sido pedido de cassação do presidente da Casa

Por Letícia Fontes
Publicado em 30 de agosto de 2023 | 09:00
 
 
 
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O acordo costurado ainda durante eleição da Mesa Diretora para a vitória de Gabriel Azevedo (sem partido) para a presidência da Câmara Municipal já não tem mais validade. Com isso, Gabriel não deve mais renunciar ao posto de presidente no fim do ano.

Até então, o acordo firmado entre o vereador e o grupo liderado pelo secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro, previa que para a troca de apoio do grupo para a eleição de Gabriel, o vereador deveria renunciar a presidência para que Juliano Lopes (Agir), eleito 1° vice-presidente, assumisse o controle do legislativo municipal em 2024.

Segundo interlocutores de ambos os lados, o pacto foi descumprido pelas duas partes. A quebra do acordo teria tido início na última semana quando o vereador e corregedor da Casa, Marcos Crispim (Podemos), registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil acusando um assessor de Gabriel de ter agido de má-fé ao solicitar à sua equipe sua assinatura digital para que um processo de quebra de decoro protocolado pelo PDT contra Gabriel fosse arquivado. O presidente, por sua vez, acusou o prefeito Fuad Noman (PSD) na ocasião de abuso de poder, prevaricação, falsidade ideológica e outros crimes. 

O estopim para o fim do acordo, no entanto, teria sido o pedido de cassação contra Gabriel protocolado pela deputada federal Nely Aquino (Podemos) nessa segunda-feira. O pedido foi interpretado nos bastidores da Câmara como uma ameaça ao presidente. Para alguns, o pedido representou também um possível temor do grupo de que Gabriel pudesse não cumprir o acordo previamente firmado. No pedido de cassação, Nely pediu o afastamento de Gabriel de suas funções. Em uma eventual cassação ou renúncia de Azevedo, Juliano Lopes já assumiria o posto. 

Para alguns interlocutores, o grupo oposto ao presidente deve pressionar uma eventual renúncia de Gabriel, assim como ele teria feito com o ex-vereador Léo Burguês. O argumento é que dessa forma, o vereador não ficaria inelegível para as próximas eleições, diferentemente  caso ele tenha o mandato cassado. 

Votações
A Câmara Municipal de Belo Horizonte deve votar na sexta-feira (1°) tanto o pedido de quebra de decoro contra o vereador Marcos Crispim (Podemos), quanto o pedido de cassação do presidente da Casa, Gabriel Azevedo (sem partido). O pedido de Crispim deve ser o primeiro da pauta.

O vereador deve ter uma vida mais tranquila, já que haveria consenso na Casa pela inocência dele. No caso de Gabriel, por causa dos votos grupo da Família Aro, os 21 votos necessários para a abertura do processo devem ser garantidos – o que indicaria, inclusive, que o acordo para que ele divida com o grupo a presidência da Casa foi rompido –, mas os 28 votos necessários para a cassação não estariam garantidos. 

Crispim virou alvo de uma denúncia do assessor parlamentar Guilherme Barcellos, o Papagaio, após acusá-lo de fraudar sua assinatura para arquivar uma denúncia contra Gabriel. Papagaio, por sua vez, acusa Crispim de utilizar indevidamente o cargo para arquivar a denúncia e depois voltar atrás sem justificativa.

O pedido contra Gabriel é da ex-aliada e ex-vereadora da Família Aro Nely Aquino (Podemos). Como ele não pode atuar nela, a denúncia foi enviada ao vice-presidente, Juliano Lopes 

Procurado pela reportagem, Gabriel Azevedo afirmou ser vítima de uma perseguição política articulada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman. Ele disse estar  tranquilo e que irá esclarecer todos os fatos em breve. Juliano Lopes não se manifestou.

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