Municipalismo

Candidatura de Julvan Lacerda à CNM é recado a atual presidente

O ex-presidente da AMM é 1º vice-presidente de Paulo Ziulkoski, que ainda não se manifestou se será candidato à reeleição

Por Letícia Fontes e Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 05 de fevereiro de 2024 | 07:00
 
 
 
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A candidatura do ex-presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Julvan Lacerda (MDB), à presidência da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) é vista como um recado ao atual presidente, Paulo Ziulkoski. Primeiro vice-presidente de Ziulkoski, Julvan, próximo tanto ao governador Romeu Zema (Novo) quanto ao presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), tornou público, na última quinta-feira (1º/2), o apoio da AMM à sua candidatura. 

Antes do anúncio, Julvan teria procurado Ziulkoski para que apoiasse a sua candidatura, mas as conversas não teriam avançado, porque o presidente da CNM ainda não teria se manifestado se será ou não candidato à reeleição. O Aparte apurou que, hoje, caso Ziulkoski se candidate, o ex-presidente da AMM não pretende abrir mão da candidatura, já que o grupo de Ziulkoski está à frente da CNM há quase 30 anos, desde 1997. As eleições, onde aproximadamente de 5.000 mil prefeitos votam, devem acontecer até abril.     

Além do apoio da AMM, Julvan teria conversas adiantadas para o apoio de prefeitos, principalmente da Bahia, de Pernambuco, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, e já trabalharia para ter a adesão de prefeitos de outros estados. A intenção do ex-presidente da AMM é conquistar espaço na CNM para Minas Gerais, o que teria possibilitado o apoio de Zema e Pacheco, que disputam o protagonismo para apresentar uma solução para renegociar a dívida de cerca de R$ 162 bilhões de Minas com a União.   

Em entrevista a O TEMPO no ano passado, Julvan já havia admitido que sua candidatura a presidente da CNM seria seu caminho natural. Presidente da AMM entre 2017 a 2022, o ex-prefeito de Moema, Região Centro-Oeste, ganhou projeção política, principalmente, em 2019, quando os chefes dos executivos municipais se juntaram para cobrar os repasses constitucionais que estavam atrasados desde a gestão do ex-governador Fernando Pimentel (PT). 

Após a AMM dar um ultimato e acionar o governo na Justiça com pedidos de intervenção federal e até ameaçar protocolar um pedido de impeachment por conta dos repasses do ICMS e do IPVA, Julvan acabou se aproximando do governador Romeu Zema (Novo). Em 2019, o ex-prefeito teve grande protagonismo na negociação do acordo firmado entre a AMM e o governo de Minas para o pagamento da dívida dos repasses constitucionais às prefeituras. 

O acordo foi mediado pelo Tribunal de Justiça, e garantiu o pagamento de mais  R$ 7 bilhões aos municípios de repasses que não foram feitos durante o governo Pimentel. Em 2021, ele mais uma vez capitaneou a liderança para regularizar os repasses da saúde, também na ordem de R$ 7 bilhões, devidos pelo Estado a municípios entre 2009 e 2020. Na ocasião, o acordo foi mediado pelo Ministério Público de Minas Gerais.

Julvan está lotado no gabinete de Pacheco desde 2021 como assessor parlamentar. Depois que deixou a AMM, o ex-prefeito de Moema, que ensaiava uma candidatura ao Senado em 2022, quase deixou o MDB para se filiar ao PSD após divergências com a Executiva estadual, quando chegou a ser chamado de “fujão” por não comparecer ao evento que discutiu as candidaturas. Ele ainda tentou se cacifar a uma vaga como candidato a suplente do então senador Alexandre Silveira (PSD), mas as vagas foram para o PT.

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