O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, um requerimento para que seja encaminhado à procuradora geral da República, Raquel Dodge, o pedido de retenção do passaporte do procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. O requerimento deve ser votado no colegiado apenas em agosto, após o recesso parlamentar do Congresso.
De acordo com o deputado, Dallagnol já foi convidado, em três oportunidades, a prestar esclarecimentos sobre as supostas conversas vazadas pelo The Intercept Brasil, em que o procurador teria recebido do então juiz Sergio Moro orientações de como agir nas investigações. Dois convites foram feitos pela Câmara dos Deputados, e um pelo Senado. Apesar disso, em nenhuma oportunidade ele compareceu. Com isso, o parlamentar acredita que a retenção do passaporte é fundamental para evitar que Dallagnol saia do país sem prestar os devidos esclarecimentos.
“O risco de ele se ausentar do país é grande. O Moro mesmo saiu sábado, sabe lá se volta”, afirmou Correia, contestando o afastamento não remunerado de uma semana solicitado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública. O requerimento apresentado pelo parlamentar traz a narrativa de diversos trechos das conversas reveladas entre Moro e Dallagnol. “Nas referidas mensagens, Dallagnol e o então juiz foram muito além do papel que lhes cabia, quando da apuração e julgamento da Lava Jato. Em diversas conversas divulgadas até a data de hoje, fica claro que Dallagnol e outros procuradores, sob sua coordenação, recebiam e trocavam informações com o juiz Sergio Moro, a fim de forjar provas contra os acusados”, diz o parlamentar no documento.
Em conversa com o Aparte, o deputado federal também citou as revelações feitas no último domingo pelo jornal “Folha de S.Paulo”. A edição trouxe que conversas apontaram que Dallagnol teria planejado montar uma empresa para proferir palestras e realizar outros eventos juntamente com um colega da equipe que atua na força-tarefa, o procurador Roberson Pozzobon. Segundo os diálogos, a ideia seria garantir lucro por meio da notoriedade da operação, e a empresa teria as esposas dos procuradores no comando, a fim de evitar que ambos recebessem qualquer tipo de questionamento. “As denúncias são gravíssimas, agora acumuladas. Utilizando do cargo público para enriquecimento ilícito, forjando inclusive entidades. Isso, fora toda a conversa dele (Dallagnol) com Moro, que evidencia que eles perseguiam a defesa, planejavam as sentenças. Prenderam ilegalmente o Lula, agora está claro isso”, defendeu o parlamentar.
Ainda nesta terça-feira, Correia afirmou que vai protocolar o pedido de retenção do passaporte diretamente na Procuradoria Geral da República (PGR). Juntamente com outros pares da Câmara Federal, Correia afirmou que já protocolou na PGR pedido de esclarecimentos quanto às investigações já em curso sobre as conversas. “Fizemos isso já que ele não nos presta esclarecimentos”, pontuou o parlamentar.
A coluna pediu um posicionamento ao Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) no início da noite dessa segunda, entretanto, até o fechamento deste texto, nenhuma resposta havia sido enviada pelo órgão.