Deputados da base do governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) têm reclamado na Casa por conta de ele anunciar medidas impopulares sem comunicá-los, sendo a mais recente delas o fim da escola em tempo integral. Os políticos somente ficaram sabendo dessa decisão após o jornal O TEMPO publicar, com exclusividade, a decisão da Secretaria Estadual de Educação. Esse é mais um fator que alimenta a insatisfação da base do governador com ele. Isso porque, desde o início da legislatura, os parlamentares reclamam da falta de diálogo com o Executivo. E, enquanto isso, o projeto de reforma administrativa permanece em banho-maria.

“A bomba cai aqui, aí depois temos que correr atrás do prejuízo. Isso em várias decisões e declarações dele. ‘Vamos pagar os prefeitos em 2020’, aí os prefeitos começaram a nos pressionar, depois ‘vamos acabar com a vigilância em escolas’, aí os vigilantes e professores nos pressionaram, depois o fim da UAI do Barro Preto, e aí agora é essa de acabar com a escola em tempo integral. Pais, professores, a pressão vem de todos os lados. E a gente fica sabendo disso junto com todo mundo e não temos explicações para as pessoas, para quem nos procura. É uma falta de respeito sem tamanho”, afirmou um político que faz parte da base.

Membro do bloco de apoio a Zema na Assembleia, o deputado Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) diz que tem solicitado ao governo para que faça um debate com o grupo antes de tomar decisões tão importantes como, por exemplo, acabar com o programa de escola em tempo integral. “Na verdade, essa questão que, influencia diretamente o Estado, uma matéria tão importante para a vida do cidadão como a educação, eu entendo que antes de o governador tomar uma decisão dessas, poderia ter debatido isso com a base. Foi uma atitude tomada pela equipe do governador, e ficamos sabendo pela imprensa. Isso é muito ruim porque estamos aqui e queríamos ter construído esse debate junto com o governo, e fui pego de surpresa pela imprensa. Então, fica complicada essa situação”, disse.

Como mostrou O TEMPO, o governo do Estado vai encerrar o atendimento da escola em tempo integral em mais da metade das 1.600 unidades de ensino fundamental da rede pública. A medida vai impactar um universo de cerca de 111 mil alunos e 9.000 professores designados, responsáveis pela extensão curricular. O tema, inclusive, terá uma audiência pública na Assembleia de Minas amanhã. Os autores do requerimento são Beatriz Cerqueira (PT) e Professor Wendel Mesquita. “Também vamos debater, de forma geral, o fechamento de várias escolas em Minas Gerais”, afirmou o deputado. A secretária de Educação, Julia Figueiredo Sant’Anna, foi convidada para participar dessa reunião na ALMG.