A 17ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte abriu nesta quinta-feira (21) inquérito para "apurar notícias de que os vereadores Eduardo da Ambulância e Pedro Bueno (ambos do Podemos), teriam recebido, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 200 mil para votarem contra a cassação de Wellington Magalhães". A investigação, iniciada após denúncia anônima, também vai averiguar a denúncia da prática de rachadinha no gabinete de ambos os parlamentares.

Eduardo da Ambulância e Pedro Bueno foram intimados a prestar depoimento na próxima quinta-feira (28) na promotoria. Bueno, que teria recebido a maior quantia, vai depor às 14h, enquanto a oitiva de Eduardo está marcada para 15h. O objetivo do depoimento é colher declarações sobre o suposto recebimento de propina para favorecimento do vereador Wellington Magalhães. 

No despacho da promotora Elisabeth Cristina dos Reis Vilela, a instauração do inquérito foi necessária para a verificação "dos pressupostos e condições formais e materiais que legitimem o Ministério Público a propor ação civil pública caso comprovada a ilegalidade dos fatos apresentados, ou pelo arquivamento se entender que não houve irregularidade capaz de ensejar a propositura de qualquer medida judicial". 

Conforme mostrou o Aparte no início do mês, o vereador Mateus Simões (Novo), autor da denúncia contra Magalhães, levantou a suspeita sobre compra de votos na Câmara de Belo Horizonte.  O vereador do Partido Novo disse à imprensa que servidores ligados ao gabinete de Magalhães teriam recebido malas de dinheiro durante a madrugada. Valores seriam pagos a vereadores que se abstivessem ou votassem a favor do investigado.

“Espero que não seja verdade, que ninguém esteja programando viagem para faltar a essa deliberação e nem que haja manipulação para que haja licença de forma que essas pessoas não compareçam, porque se não vierem aumenta a chance de Wellington Magalhães ser mantido no cargo. Precisamos dos 28 votos favoráveis. (O recebimento das malas) foi visto por vizinhos, disseram que há vereadores recebendo dinheiro, o ‘ticket’ é de R$ 200 mil”, garantiu Simões no dia 7 de novembro.

Sobre a abertura do inquérito, Simões diz esperar que não sejam verdades as acusações. "Espero que não e que amanhã (sexta) fique demonstrado que não seja verdade. Me disseram que o Pedro Bueno estava titubeante sobre o voto. Me surpreendi um pouco. Para ser sincero, não fico torcendo para ser verdade, fica parecendo que de alguma forma tenho satisfação em falar que tem vereador recebendo propina, mas não tenho. Espero que seja mentira. Não fui eu, não fui ao Ministério Público. Não sei como o MP chegou a esses dois nomes", declarou.

Durante depoimento na Comissão Processante, Wellington Magalhães disse que a denúncia era gravíssima e que Simões deveria apresentar nomes. 

Respostas

Ao ser perguntado sobre a abertura do inquérito pelo Aparte, Pedro Bueno reagiu com surpresa. "Desconheço. Que loucura é essa? É verdade isso? Absurdo, isso só pode ser em virtude da minha posição declarada a imprensa pela cassação do vereador", disse. 

Em nota, o advogado de Magalhães, Sérgio Rodrigues, disse que a defesa está "contente" com a inciativa do Ministério Público "já que, na certeza de que o vereador (Wellington Magalhães) não cometeu nenhum ilícito, ao MP arquivar o inquérito fica claro que o vereador Mateus cometeu crime por acusar injustificadamente seus colegas”. 

A coluna tentou contato com o vereador Eduardo da Ambulância, mas a ligação caiu na caixa postal.