Após o deputado federal Vilson da Fetaemg assumir o comando do PSB em Minas, já surgiram as primeiras críticas internas. Para alguns interlocutores ouvidos pelo Aparte, o poder ficou muito concentrado nas mãos do parlamentar e a legenda teria virado, nas palavras deles, um “puxadinho” da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg).
O motivo seria a escolha da diretora de política agrária e meio ambiente da federação, Marilene Faustino, para ser a segunda secretária da sigla, cargo que antes era ocupado pela mulher de Vilson, Kátia Gaivoto, que agora é a secretária geral do partido no Estado.
“O Vilson tentou emplacar a Kátia de presidente, como não conseguiu, colocou ela de secretária geral para comandar o partido. Ela era segunda secretária, não apitava nada”, disse um interlocutor.
Já o secretário de finanças da sigla escolhido por Vilson, Adenor Simões, é nomeado como secretário parlamentar no gabinete do deputado em Brasília e recebe aproximadamente R$ 5.000 pela função exercida no Congresso. “Em vez de criar um puxadinho da Fetaemg ou fazer o ‘partido dos amigos’, tinha que regionalizar a legenda e dar espaço para suplentes de deputados, por exemplo”, disse a fonte que pediu anonimato.
Vilson afirmou que os comentários feitos por correligionários são “precipitados”, já que nem começou o seu trabalho. “Ela (Kátia Gaivoto, mulher do deputado) tem 22 anos que é filiada (ao PSB), ela teve só um partido na vida, ela já era membro da direção. As pessoas precisam ver o trabalho antes de comentar. Ela é socialista, já fazia parte da executiva. O gesto que fiz foi porque busco representação, olho a questão das mulheres, ela não está como esposa, está como socialista, mulher, historiadora, tanto ela como Marilene”, declarou o deputado.
René Vilela, que antes era presidente do partido, foi colocado como vice-presidente, enquanto o deputado federal Júlio Delgado, que ocupava o cargo anteriormente, foi retirado da executiva com a promessa de assumir o diretório municipal em Belo Horizonte, onde deve lançar a pré-candidatura à prefeitura.
Vilson declarou que anteriormente, o partido estava “a serviço de Júlio” e que ficou chateado pelo colega parlamentar não convidar nem ele nem a mulher para o diretório municipal. “O partido estava à serviço do Júlio. A mesma votação que ele teve, eu tive em Belo Horizonte. Ele sequer me convidou para participar, a Kátia também ele não convidou, e olha que ela ajuda bastante na cidade”, disse.
Por fim, o novo presidente do PSB disse saber separar “o que é Fetaemg, o que é partido e o que é religião”. “Só peço a essas pessoas que deixem a gente trabalhar. O partido vai crescer, não vai ter perseguição como tinha. Esse partido não vai ser um cabide de emprego, não vai ser uma sigla de aluguel. Não olhamos parentescos, mas qualidade e perseverança, estamos com uma equipe calibrada”, concluiu.
Delgado disse que as questões internas e burocráticas têm pouco efeito neste momento e que lhe foi garantido que as mudanças não afetam as costuras políticas já realizadas para a pré-candidatura à Prefeitura de BH. Sobre a concentração de poder e o cargo da mulher do novo presidente, Delgado disse não ver nenhum problema, já que não existem restrições para cargos representativos na sigla.