desempenho negativo

Bolsa acumula perda e dólar sobe com desconfiança sobre recuo de Bolsonaro

Semana de turbulências locais também fechou sob impacto negativo do exterior

Por FOLHAPRESS
Publicado em 10 de setembro de 2021 | 18:56
 
 
 
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O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, fechou esta sexta-feira (10) em queda de 0,93%, a 114.285 pontos, acumulando um recuo semanal de 2,26%. O dólar subiu 0,76�ncerrou o dia cotado a R$ 5,2670. Na semana, a moeda americana avançou 1,58%.

Para analistas, os resultados desta sexta refletem a aversão de investidores ao risco motivada pelo desempenho negativo do mercado nos Estados Unidos e também pela desconfiança quanto ao comprometimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em adotar a postura conciliatória manifestada por meio de uma carta divulgada nesta quinta-feira (9).

“O mercado segue em tom de cautela. Primeiro porque não dá para saber quais serão os próximos passos de Bolsonaro, se manterá a postura manifestada na carta, ou se voltará ao discurso das manifestações”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe da Valor Investimento.

Para Consorte, a carta de Bolsonaro não é suficiente para interromper a tendência de desvalorização devido ao acúmulo de fatores negativos, como a crise institucional, a alta da inflação e as revisões para baixo do crescimento econômico.

“Isso gera uma aversão ao risco para o Brasil. Hoje tivemos um cenário de moedas emergentes estáveis e, de novo, nós fomos o patinho feio”, afirma.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram nesta sexta 0,78% 0,77�,87%, respectivamente, sob impacto do resultado acima do esperado da inflação ao produtor americano, segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

“O PPI [Índice de Preços ao Produtor] subiu 0,7% em agosto ante julho, enquanto o mercado esperava 0,6%”, explica Ribeiro.

Os resultados dos índices americanos colaboraram para que a Bolsa brasileira fechasse no vermelho, segundo Romero Oliveira, chefe de renda variável da Valor Investimentos.

“No meio da tarde, o mercado internacional acelerou a queda e a Bolsa brasileira acabou indo junto”, diz Oliveira. “Além disso, algumas declarações do presidente Jair Bolsonaro ao longo do dia também tiveram impacto negativo.”

Em meio a uma série de críticas de apoiadores por causa da divulgação da nota em que busca aliviar a tensão com o Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro disse nesta sexta que não recuou de nada e que jamais cometeu um erro.

O mercado doméstico foi impacto nesta semana sobretudo pelos atos de raiz golpista promovidos pelo presidente durante o feriado do 7 de setembro e pela nota oficial pedindo conciliação, divulgada dois dias depois.

Na quinta-feira (9), o Ibovespa fechou o dia aos 115.360,86 pontos, com alta de 1,72%, resultado que reverteu uma tendência de baixa que havia se sustentando até o final da tarde, quando ocorreu a divulgação da nota oficial em que Bolsonaro afirma que “nunca teve nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”.

Às 16h30, o índice operava a 112.621 pontos, sinalizando que terminaria com um recuo de cerca de 0,5%. Após a carta ser divulgada, no entanto, a Bolsa passou a operar em alta e, às 16h45, já estava a 116.353,62 pontos, a máxima do dia -um salto de 3,3% em apenas 15 minutos.

Na carta, escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro atribui suas palavras “contundentes” anteriores ao “calor do momento”.

A nota conseguiu reverter parte das perdas registradas na quarta-feira (8), quando o principal índice da B3 afundou 3,78%, a 113.413 pontos, na esteira dos ataques do presidente ao STF proferidos nas manifestações do 7 de setembro.

A queda se acentuou após o presidente do Supremo, Luiz Fux, afirmar que, caso Bolsonaro cumprisse a ameaça de desacatar decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, ele estaria cometendo crime de responsabilidade.

Na ocasião, o mercado considerou que o embate colocaria fim às negociações com o Congresso para o avanço de reformas e, principalmente, entre o Executivo e o Judiciário para a modulação do pagamento de precatórios em 2022, cujo montante de R$ 89 bilhões é avaliado como um potencial risco aos resultados fiscais do país.

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