BRASÍLIA - A deputada Duda Salabert (PDT-MG) também foi informada pelo governo dos Estados Unidos de que seu visto será emitido no gênero masculino, assim como ocorreu com a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). O relato foi feito pela parlamentar em seu perfil oficial no X nesta quarta-feira (16).
Duda Salabert informou que irá ingressar com uma ação judicial contra a posição dos EUA e que avalia uma ação também contra a embaixada do país norte-americano no Brasil.
“Há cerca de 15 dias, fui convidada por uma organização internacional para um curso sobre desenvolvimento em primeira infância, em parceria com a Universidade de Harvard. Com o visto vencido, minha assessoria iniciou o processo de renovação junto ao consulado americano", relatou a deputada.
"Para minha surpresa — e revolta —, fui informada de que meu novo visto viria com a marcação de gênero como MASCULINO, com a “justificativa” de que é de conhecimento público no Brasil que sou uma pessoa trans. Ou seja, minha identidade de gênero, reconhecida legalmente pelo Estado brasileiro, seria simplesmente ignorada”, contou Duda Salabert.
A parlamentar detalhou ainda que “desde então, temos tentado resolver o caso por vias diplomáticas, exigindo nada além do óbvio: respeito. Respeito à minha identidade, respeito aos meus documentos oficiais — incluindo minha certidão de nascimento, que está no FEMININO”, ressaltou.
Na semana passada, fui também informada pelo governo Trump de que meu visto virá MASCULINO.
Há cerca de 15 dias, fui convidada por uma organização internacional para um curso sobre desenvolvimento em primeira infância, em parceria com a Universidade de Harvard. Com o visto… pic.twitter.com/gD60Z45HPE
A deputada Erika Hilton também viajaria para os EUA para dar palestras na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusett, o MIT. A participação de Erika no evento realizado em Cambridge foi autorizada pela presidência da Câmara dos Deputados brasileira, como missão oficial da parlamentar nos EUA.
Para essas finalidades, a Câmara pede o visto de seus representantes diretamente à embaixada do país a ser visitado. Mas a assessoria da parlamentar disse que, desde o início, o governo Trump impôs barreiras.
‘Essa situação é mais do que transfobia’, diz deputada
Duda Salabert destacou o que chamou de “desrespeito à soberania do Brasil”. “Essa situação é mais do que transfobia: é um desrespeito à soberania do Brasil e aos direitos humanos mais básicos. Tenho confiança de que o Itamaraty se posicionará com firmeza, pois esse ataque não é só contra mim e @ErikakHilton”, disse.
“É uma afronta a todos os brasileiros e brasileiras que acreditam na dignidade, no reconhecimento e no direito de existir plenamente. Minha solidariedade a @ErikakHilton. Entramos juntas no Congresso Nacional e dividimos diversas trincheiras na luta contra a transfobia. A decisão do governo dos EUA é, sem rodeios, discriminatória”, finalizou a parlamentar.