BRASÍLIA — Em uma demonstração de insatisfação dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Câmara dos Deputados decidiu pela aprovação, em sessão nesta segunda-feira (16), do requerimento de urgência para acelerar a tramitação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para derrubar o decreto que impôs um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Foram 346 votos favoráveis a 97 contrários.
A urgência garante que o mérito da proposta seja discutido direto no plenário, sem a necessidade dela ser analisada nas comissões. Entretanto, a articulação nos bastidores indica que o PDL não avançará e que a aprovação da urgência é só um recado ao Palácio do Planalto.
Antes da votação, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) se encontrou com o colégio de líderes da Câmara dos Deputados; na reunião também estiveram os ministros Gleisi Hoffmann, da articulação política, e Rui Costa, da Casa Civil.
O intuito dos ministros palacianos era diminuir a temperatura dos deputados em relação às propostas econômicas e garantir um momento de fôlego ao governo Lula (PT) para traçar os próximos passos da política orçamentária e fiscal.
Na chegada à Câmara, após o encontro, Motta sustentou que a votação da urgência do PDL representava o sentimento de insatisfação dos deputados em relação às medidas do Ministério da Fazenda.
“Houve uma conversa franca. Hoje pude reforçar com os líderes e com os ministros porque o trabalho do presidente da Câmara é verbalizar o sentimento dos deputados e das deputadas, que não estão à vontade para apoiar essa agenda de aumento de impostos. É o sentimento majoritário”, disse Motta.
Na votação desta segunda-feira, o Palácio do Planalto não pôde contar, mais uma vez, com partidos que compõem a base e têm cargos no primeiro escalão do governo Lula.
União Brasil, PP, MDB e Republicanos, orientaram que suas bancadas votassem a favor da urgência do Projeto de Decreto Legislativo — portanto, contra o próprio governo. Até o PSD, o mais governista dos partidos do centrão, defendeu a proposta.