BRASÍLIA - Com trunfo da oposição sobre os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, o Congresso instalou, nesta quarta-feira (20/8), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará fraudes e descontos ilegais em pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Em eleição com derrubada praticamente inédita das indicações feitas pelos presidentes das duas Casas, a oposição elegeu Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência da CPI mista. Ele, então, indicou Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator.
O escândalo bilionário derrubou o ministro da Previdência, Carlos Lupi, e gerou uma escalada de pressão da oposição sobre o Palácio do Planalto.
A comissão mista é fruto dessa ação dos parlamentares de oposição, que derrotaram os indicados pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para os cargos de presidente e relator.
Pela vontade de Alcolumbre, a presidência caberia ao senador Omar Aziz (PSD-AM), e o relator indicado por Motta era o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).
As indicações feitas pelos presidentes são historicamente respeitadas, mas, a oposição as rejeitou e conseguiu revertê-las no início da sessão. O movimento foi puxado por Carlos Viana, que apresentou candidatura para presidir a comissão diante de Omar Aziz àquela altura já sentado à mesa da CPI mista.
O nome de Viana recebeu endosso do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que também teceu críticas diretas ao nome do PSD. “Não posso compactuar com a presidência dele [Omar Aziz] em outra comissão que precisa de imparcialidade”, atacou, citando que Aziz também presidiu a CPI da Covid.
O indicado de Alcolumbre rebateu. “Para mim, não é o fim do mundo ser ou não ser presidente de CPI”, afirmou. “Aqui não deve ser uma guerra de narrativas sobre quem é culpado e quem é inocente. O nosso papel não é esse”, declarou.
Omar Aziz ainda respondeu diretamente às críticas de Girão. “Acho que o senador extrapola um pouco quando personaliza as coisas. Extrapola demais. Respeito é bom e todo mundo gosta, e caldo de galinha não faz mal a ninguém”, retrucou.
O argumento central contra as indicações de Alcolumbre e Motta é que a CPI é um instrumento da oposição e não poderia ter na presidência e no cargo de relator parlamentares alinhados à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com o painel aberto para votação, 17 membros da CPI elegeram Viana para o cargo contra 14 votos dedicados a Aziz. Eleito, coube a Viana decidir quem seria o relator. Ele optou por Alfredo Gaspar, deputado inicialmente cotado por Hugo Motta e com histórico de apoio às pautas do PL e da direita.
Quem são os senadores na CPMI do INSS?
- Eduardo Braga (MDB-AM)
- Renan Calheiros (MDB-AL)
- Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO)
- Carlos Viana (Podemos-MG)
- Styvenson Valentim (PSDB-RN)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Eliziane Gama (PSD-MA)
- Cid Gomes (PSB-CE)
- Jorge Seif (PL-SC)
- Izalci Lucas (PL-DF)
- Eduardo Girão (Novo-CE)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Fabiano Contarato (PT-ES)
- Leila Barros (PDT-DF)
- Tereza Cristina (PP-MS)
- Damares Alves (Republicanos-DF)
Quem são os deputados na CPMI do INSS?
- Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
- Coronel Fernanda (PL-MT)
- Adriana Ventura (Novo-SP)
- Paulo Pimenta (PT-RS)
- Alencar Santana (PT-SP)
- Alfredo Gaspar (União Brasil-AL)
- Duarte Jr. (PSB-MA)
- Julio Arcoverde (PP-PI)
- Rafael Brito (MDB-AL)
- Sidney Leite (PSD-AM)
- Ricardo Ayres (Republicanos-TO)
- Romero Rodrigues (Podemos-PB)
- Beto Pereira (PSDB-MS)
- Mário Heringer (PDT-MG)
- Bruno Farias (Avante-MG)
- Marcel Van Hattem (Novo-RS)