CPI da Covid

Presidente da ANS diz que soube de denúncias na Prevent Senior pela CPI

Paulo Rebello afirmou que a ANS não recebeu denúncias e não teve conhecimento das “graves acusações no tratamento de pacientes com Covid-19

Por Lucyenne Landim
Publicado em 06 de outubro de 2021 | 17:15
 
 
 
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O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello Filho, afirmou que soube das denúncias envolvendo a operadora de saúde Prevent Senior no tratamento de pacientes com Covid-19 pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a condução da pandemia pelo governo federal.

Ele depõe à comissão nesta quarta-feira (6) para explicar como a agência fiscalizou a atuação de planos de saúde durante a pandemia, em especial a Prevent Sênior. Em dossiê entregue à CPI, ex-funcionários da empresa relatam a ocultação de mortes por Covid e a prescriação de medicamentos sem eficácia comprovada para a doença.

Segundo Rebello, a ANS não recebeu diretamente as denúncias contra a empresa. “Importante reiterar que a ANS teve conhecimento das graves acusações contidas no dossiê contra a Prevent Senior pela CPI da Covid, e tais situações nunca foram denunciadas diretamente à agência, não aparecendo nos monitoramentos feitos periodicamente pela ANS”, afirmou.

Na semana passada, Prevent Senior foi autuada pela ANS, que informou que a operadora de saúde será investigada por “deixar de comunicar aos beneficiários as informações estabelecidas em lei” e “pelas denúncias sobre cerceamento ao exercício da atividade médica aos prestadores vinculados à rede própria da operadora”.

“Então, no momento, a ANS está conduzindo as apurações de forma rigorosa e bastante cuidadosa, pois temos também que preservar a continuidade da assistência dos beneficiários que estão na operadora. Todas as informações levantadas estão sendo analisadas para que a agência tenha os subsídios necessários para adoção das medidas adequadas”, finalizou Rebello.

Ele foi rebatido pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que ressaltou que denúncias contra a Prevent Senior já eram públicas desde 2020.

"Me perdoe a ironia, mas só o senhor e a diretoria da ANS que não estavam sabendo do assunto Prevent Senior no Brasil. O ministro [Luiz Henrique] Mandetta falou em abril do ano passado. A imprensa divulgou direto. A deputada Jandira Feghali, do Rio de Janeiro, apresentou uma denúncia à ANS, uma denúncia, ela não deu uma entrevista no jornal e alguém olhou o jornal e foi ver", contrapôs Costa.

O senador acrescentou que a ANS tinha informações sobre a prescrição pela empresa de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19. "Era gente recebendo o 'kit Covid' em casa. Era 'kit Covid' e outros tratamentos dentro da Prevent Senior, era o termo de consentimento feito de forma irregular. A própria ANS recebeu termos de consentimento para as pessoas se submeterem àquela pesquisa escabrosa que foi feita lá, cheios de imperfeições, incompletos, e a ANS não tomou uma atitude", acusou.

Advogada de ex-funcionários revelou práticas da Prevent Senior

De acordo com a advogada Bruna Morato, que representa um grupo de ex-funcionários que fizeram denúncias, médicos eram coagidos a receitarem os remédios para a doença sob ameaças de demissão. A advogada também contou à CPI a orientação de um dos diretores da empresa para que os pacientes e as famílias não fossem informados sobre os riscos envolvidos no tratamento. A prática, segundo ela, era utilizada para reduzir custos com a internação de pacientes.

Ela destacou também que a insistência da operadora de saúde em medicamentos considerados ineficazes tinha como objetivo passar a sensação de normalidade para evitar prejuízos à economia do país.

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