Assembleia Legislativa de Minas Gerais

CPI da Cemig aprova convocação do chefe da Polícia Civil de Minas

Objetivo do depoimento é esclarecer se houve interferência da instituição em um inquérito sobre a Cemig

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 13 de outubro de 2021 | 16:19
 
 
 
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A CPI da Cemig aprovou nesta quarta-feira (13) a convocação do chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Joaquim Francisco Neto e Silva, para prestar depoimento como testemunha. O requerimento foi apresentado por integrantes da base do governo Zema. O objetivo é esclarecer se houve ou não interferência da cúpula da instituição em uma investigação envolvendo a Cemig.

O delegado responsável pelo caso, Gabriel Ciriaco Fonseca, deixou a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR) e consequentemente a chefia do inquérito sobre a Cemig em junho deste ano. Atualmente, ele atua em uma delegacia comum na região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

O delegado prestou depoimento como testemunha nesta quarta-feira (13) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em uma reunião secreta, a qual a imprensa não teve acesso. 

Após o fim da reunião, os deputados falaram com os jornalistas. Segundo o vice-presidente da CPI, Professor Cleiton (PSB), Ciriaco foi convidado para ocupar um cargo na Corregedoria “mas colocou seu posicionamento que gostaria de permanecer na DECCOR”.

“Posteriormente, é oferecido para ele alguns espaços na região Metropolitana: uma delegacia em Contagem, uma em Venda Nova e uma terceira que não me recordo. Aí ele escolheu, entre aspas, Venda Nova”, disse o deputado.

O TEMPO teve acesso a um ofício que Gabriel Ciríaco enviou para o chefe do Departamento Estadual de Investigação e Fraudes, em que tenta escolher para qual delegacia seria transferido. 

A parte inicial do ofício, em que o delegado afirma que recebeu a informação de que seria removido do posto, é um indício, na visão de parte dos deputados, incluindo Cleiton, de que teria ocorrido interferência.

“Considerando a informação de que eu serei removido desse Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes [...] APRESENTO, por meio deste, requerimento de liberação e remoção para prestar serviço na 4ª Delegacia de Polícia/Venda Nova”, escreveu o delegado Gabriel Ciriaco no dia 8 de junho de 2021. Dois dias depois, ele de fato foi transferido para Venda Nova, mas para a 1ª Delegacia de Polícia.

O deputado Roberto Andrade (Avante), um dos autores do requerimento, afirmou que a convocação do chefe da Polícia Civil é para esclarecer se a transferência ocorreu em função da investigação do delegado sobre a Cemig ou se foi algo natural.

“O delegado chamou de efeito dominó: quando se troca um chefe, como se trocou o chefe da Polícia Civil, aqueles que estão subordinados a esse chefe são substituídos e assim consequentemente. Ele deixou claro que isso é comum e que durante a carreira dele ele passou por seis chefes da Polícia Civil e sempre aconteceu isso”, afirmou o deputado.

Segundo Roberto Andrade, o delegado Gabriel Ciriaco relatou que foi convidado para assumir um cargo na Corregedoria ou uma delegacia. “Ele optou pela delegacia em Venda Nova. Em nenhum momento percebeu que estava sendo substituído em função das investigações dele na Cemig”, afirmou o parlamentar.

Procurada, a Polícia Civil disse que Joaquim Soares manifestou à CPI disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos necessários sobre o caso.

"A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esclarece que, por meio de documento oficial, destinado ao deputado estadual Cássio Soares, no último dia 8 de outubro, a chefia da instituição autorizou a participação do delegado Gabriel Ciriaco Fonseca em audiência da CPI da Cemig, e, na oportunidade, o chefe da PCMG manifestou acerca da disponibilidade para prestar total esclarecimento à Casa Legislativa acerca da remoção do referido servidor, que atualmente encontra-se em exercício na 3ª Delegacia de Polícia Civil de Venda Nova, em Belo Horizonte."

 

Matéria atualizada às 20h27 para incluir o posicionamento da Policia Civil


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