O presidente da Executiva estadual do PSDB, Paulo Abi-Ackel, afirma que, qualquer avaliação sobre eventual dissidência tucana após as prévias neste domingo (21), é pura futurologia. Conforme noticiou O Globo na última terça, o deputado Aécio Neves encabeçaria uma dissidência caso o governador de São Paulo, João Doria, seja eleito o pré-candidato à presidência da República. Os mineiros estão alinhados ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Além de Doria e Eduardo, o ex-senador e prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, disputa a preferência dos tucanos para concorrer ao Palácio do Planalto em 2022.
Abi-Ackel ressalta que os tucanos estão satisfeitos com o resultado das prévias em relação à imagem do PSDB e a mobilização de seus membros. “Estamos confiantes na vitória de Eduardo Leite, que tem o apoio da ampla maioria dos líderes do partido, à exceção das lideranças de São Paulo. Qualquer avaliação que ocorrerá após as prévias é pura futurologia, sendo de se imaginar que o melhor para o PSDB é a união em torno do vencedor, seja ele quem for. Que seja Eduardo Leite.” A candidatura do governador do Rio Grande do Sul é ainda endossada pelos diretórios baiano e cearense.
Questionado, Aécio, em nota encaminhada à imprensa, afirma que as prévias devem ser instrumentos de inclusão, não de exclusão. “Nunca passou pela minha cabeça a hipótese de deixar o PSDB, partido a que pertenço há cerca de 30 anos. Prévias são instrumentos democráticos e devem servir para apontar caminhos e não para fechar portas”, pontua. O deputado federal está no centro das especulações sobre eventual dissidência em razão de atritos com Doria. O governador de São Paulo levou a cabo na Executiva nacional o pedido para expulsá-lo, mas foi derrotado por ampla maioria. À época, Doria afirmara que a legenda “escolheu o lado errado”.
A análise de Abi-Ackel é comum entre tucanos. Alguns, por exemplo, ponderam que não têm ideia do que acontecerá no dia seguinte às prévias, já que veem uma disputa acirrada entre os governadores de São Paulo e Rio Grande do Sul. “Se o Eduardo ganhar, o Doria vai ficar? Se o Doria ganhar, o Leite vai ficar? Se o Doria ganhar, quantos deputados vão ficar? Quem? Qual deles? Não dá para dizer. Após o resultado, aí, sim, gente vê como está o ambiente do partido”, afirma um mandatário a O TEMPO. Ele, por fim, acrescenta que não se pode colocar o problema diante do sol de amanhã. “Cada dia com a sua agonia.”
Entretanto, outros são entusiastas de um fortalecimento do PSDB diante do ineditismo do formato das prévias, apesar do tom acirrado flagrado durante as eleições internas. O exemplo é a transmissão dos debates entre Doria, Leite e Virgílio por veículos de comunicação. “Teve um componente novo. As prévias revitalizaram o partido.” Este mandatário ainda cita a visita de Doria a Leite no Palácio Piratini, na última quarta-feira, em Porto Alegre, para defender a reconciliação após os resultados como única hipótese.
A especulação sobre eventual dissidência de caciques surge após prévias acirradas entre os grupos de Doria e Leite. Ao passo que 92 prefeitos e vices paulistas foram excluídos das prévias pela Executiva nacional por cadastro irregular, a plataforma remota de votação da prévia está sob crítica após ataque hacker na última segunda-feira – a votação será híbrida. Aproximadamente 44.700 tucanos estão aptos para votar na prévia deste domingo (21).