Africanidades

Educação, qualificação de professores e africanidades são saída para racismo

O professor defende a naturalização das características dos corpos negros e a política de cotas como forma de equilíbrio histórico

Por O TEMPO
Publicado em 22 de novembro de 2023 | 10:10
 
 
 
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O professor, pesquisador e palestrante Natanael dos Santos, que estuda a história dos negros e da africanidade no Brasil destaca que o caminho para combater o racismo estrutural passa pela educação, pelo ensino das africanidades e pela naturalização da cultura e das características físicas das pessoas negras.

Natanael afirma que as características do corpo das pessoas negras são resultado de sua origem africana. O tipo de cabelo, o tipo de nariz a cor da pele são adaptações e aperfeiçoamentos que tornaram esse tipo físico mais forte e adequado à determinadas características ambientais. São vantagens, não uma desvantagem, e que isso deveria ser explicado e naturalizado para as crianças de forma que elas essas diferenças “não façam mais diferença”, pois, na avaliação do professor, raça é uma só: humana. O restante são características.

“A saída é o que a lei 10.639 propõe. Primeiro o ensino da história da África; segundo do afro-brasileiro; e terceiro, as cotas. As cotas vem alicerçar uma igualdade social. Porque, na verdade, o preconceito estrutural está muito ligado ao social. A pessoa quando ela não é negra, tem uma penetração muito mais fácil, mais sólida nos lugares que ele almeja”, destaca.

O professor defende as cotas como forma de fazer uma compensação histórica. “O negro ainda não está em uma igualdade social. Apenas em 1938 o negro teve direito à escola sem carta. Por isso eu sou a favor de cotas em universidades, no mercado, no serviço público, em tudo. O negro tem um ascenção mais lenta por causa de nossa história. A gente pulou a linha do tempo”, avalia.

Segundo o professor, as pessoas começam a olhar as cotas a partir da definição das cotas raciais nas universidades, mas ele destaca que as cotas e privilégios dados pelo governo para grupos étnicos sempre existiu.

“A imigração italiana para o Brasil foi baseada em cotas. Os italianos tinham cotas de terra, incentivos da Itália e do Brasil; os portugueses também. Os japoneses também, vieram com terra reservada, escolas exclusivas. Os alemães também. O negro não. O negro veio escravizado. Eu quero falar de cotas e mostrar para vocês que o negro não teve as mesmas condições. Quando termina a escravidão o negro não teve cota. Não são cotas intelectuais, são cotas históricas”, afirma.

O professor também falou do sincretismo religioso e cultural e mostrou que não se pode olhar para a cultura negra buscando apenas o negativo e entender que existe uma cultura criada no Brasil que misturou e resultou em novas manifestações culturais e que isso precisa ser compreendido.

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