A Codemge e a Codemig anunciaram nesta terça-feira (11) a escolha de um novo diretor-presidente: o economista Thiago Toscano, que até então comandava o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), responsável por atrair investimentos para o Estado. Ele vai substituir Fábio Amorim, que tinha assumido o posto em junho de 2020.

Também houve substituição na Diretoria de Finanças e Relacionamento com os Investidores: Tadeu Barreto Guimarães deu lugar para Eduardo Zimmer Sampaio, executivo dos setores siderúrgico, público, de serviços e varejo.

A principal missão de Thiago Toscano será tocar a privatização da Codemig. A dificuldade em avançar com a venda da empresa foi o principal motivo pelo qual seu antecessor foi retirado do cargo.

Toscano foi eleito para o cargo pelo Conselho de Administração das empresas. Como a Codemge e a Codemig são totalmente controladas pelo governo de Minas Gerais, na prática, todo o poder de decisão está nas mãos do governo Zema. A troca já era comentada nos bastidores há alguns dias, inclusive na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). 

É a terceira vez que a Codemge e a Codemig trocam de presidente em dois anos e meio do atual governo. O TEMPO apurou que o principal motivo para a alta rotatividade no cargo é que sempre que os presidentes apontam dificuldades em privatizar a Codemig, eles são substituídos.

A troca de Fábio Amorim e Thiago Toscano teria sido pedida pelo presidente do Conselho de Administração das duas empresas, Paulo Uebel, a quem o diretor-presidente da Codemge e da Codemig presta contas. Uebel teria demonstrado impaciência com o ritmo dos preparativos internos para a privatização e com os empecilhos colocados para a venda da Codemig.

Antes de presidir o Conselho de Administração das duas empresas, Paulo Uebel foi secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no Ministério da Economia sob o comando de Paulo Guedes. Ele deixou o cargo em agosto do ano passado porque a reforma administrativa, um dos principais projetos da secretaria, estava parada no Congresso.

O Estado de Minas Gerais detém 99% das ações da Codemge. Por meio da empresa, o governo estadual é dono de 51% da Codemig. Os outros 49% são de posse direta do governo de Minas.

A privatização da Codemig, que tem como principal fonte de receita a extração de nióbio, é uma das prioridades do governo Zema para 2021. Um projeto pedindo autorização para privatizá-la está parado na ALMG desde o final de 2019. O governo elenca a aprovação do texto como um dos focos de atuação junto aos deputados.

Novo presidente terá missão de dar andamento à privatização

A escolha de Thiago Toscano para a presidência da Codemig está diretamente relacionada à privatização da empresa. Ele tem histórico de atuação na atração de investimentos e também atuou na venda de ativos das estatais mineiras.

Ele é elogiado por integrantes do governo Zema pelo trabalho desempenhado à frente do Indi, onde desde 2019 conseguiu que diferentes empresas da iniciativa privada assinassem protocolos de intenção para investir mais de R$ 100 bilhões em Minas Gerais. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede), 47% desses protocolos se tornaram investimentos até o fim de 2020.

Além do trabalho no Indi, Toscano também foi o coordenador da Assessoria de Desestatização da Sede. Diante da dificuldade de privatizar empresas estatais como a Cemig e a Copasa, além da própria Codemig, o governo tem apostado na desestatização;

Embora pareçam a mesma coisa, há diferenças: na privatização o Estado deixa obrigatoriamente de controlar determinada empresa. Já a desestatização é quando o Estado vende parte das ações, reduzindo sua participação, seja nas próprias empresas estatais ou em empresas privadas nas quais é acionista de forma indireta.

A partir do trabalho da Assessoria de Desestatização coordenada por Toscano, o governo vendeu toda a participação que detinha por meio da Cemig na Light, o equivalente a 22,6% das ações da empresa de energia carioca, por R$ 1,3 bilhão. Agora, se prepara para fazer o mesmo com a participação que detém na Taesa, também por meio da Cemig. A Taesa atua na transmissão de energia elétrica.

Na mesma linha, a Assessoria de Desestatização coordenada por Toscano fechou contratos com o BNDES para a modelagem da desestatização da Copasa e também com o BDMG para a modelagem da desestatização de ativos da Codemge e da MGS.

Em nota, a Codemge justificou a nomeação de Thiago Toscano:

"Informamos que o Conselho de Administração da Codemge elegeu Thiago Coelho Toscano como novo diretor-presidente da Companhia, conforme alterações na estrutura da instituição, divulgadas no site. Toscano é mestre em administração e tem vasta experiência nos setores público e privado. A Codemge agradece ao ex-presidente, Fábio Amorim da Rocha, pelo trabalho desenvolvido, que contribuiu com projetos para o desenvolvimento de Minas Gerais", disse a empresa.