ECONOMIA

Haddad critica meta de inflação e diz que há ‘fantasminhas’ prejudicando o governo

Ministro classificou a meta de 3% como “inimaginável” e adotou discurso otimista sobre regulamentação da reforma tributária

Por Levy Guimarães
Publicado em 22 de maio de 2024 | 13:29 - Atualizado em 22 de maio de 2024 | 13:41
 
 
 

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teceu fortes críticas à meta de inflação de 3% estabelecida pelo Banco Central, em audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (22). O chefe da equipe econômica aproveitou para destacar indicadores econômicos positivos e criticou comentários “pessimistas”.

“Os núcleos [de inflação] estão rodando abaixo da meta, que é exigentíssima. Uma meta para um país com as condições do Brasil de 3% é um negócio inimaginável. Desde o regime de metas instituído, quantas vezes o Brasil teve 3% de inflação? Quantos anos isso aconteceu nos 25 anos do regime de metas?”, afirmou.

Segundo o ministro, ele às vezes lê comentários e artigos de jornais “dizendo que o mundo está se acabando” - o que, segundo ele, não reflete a realidade. Haddad classificou esse tipo de avaliação negativa como “fantasminhas”.

“Eu fico pensando: de onde está saindo essa informação? Eu olho para o IPCA-15, para os núcleos [de inflação], para a geração de emprego, para o IBGE, para as notas de crédito de três agências internacionais - a S&P, a Fitch, a Moody's. O que está acontecendo? A impressão que dá é que há um fantasminha, sabe, fazendo a cabeça das pessoas e prejudicando o nosso plano de desenvolvimento”, comentou.

Entre os dados destacados pelo ministro estão o crescimento do PIB de 2023 em 2,9% e a previsão de alta em 2024 para 2,5%, ambas acima das expectativas. Ele listou ainda a inflação acumulada em 3,69%, de acordo com o IPCA, além da taxa de desemprego em 7,9%, o menor nível de desocupação desde 2014.

“As nossas expectativas eram consideradas exageradas até outro dia. ‘Ah, não vai acontecer o que a Fazenda está falando’: por enquanto, está acontecendo. Tanto do ponto de vista de crescimento, inflação, geração de emprego, fiscal. Está acontecendo o que entendíamos que ia acontecer”.

Regulamentação da reforma tributária

Fernando Haddad demonstrou otimismo na aprovação dos projetos que regulamentam a reforma tributária, que foi promulgada no fim de 2023, mas ainda falta detalhar diversos pontos do futuro sistema de tributos. O prazo estipulado é o do dia 8 de julho.

“Prazo totalmente factível. Por quê? Porque a lei complementar não pode alterar a Constituição. A Constituição já recebeu os parâmetros do que será a reforma tributária. E, com as pessoas qualificadas designadas, eu não tenho dúvidas”, declarou.

Além disso, na avaliação do ministro da Fazenda, a alíquota do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), que irá substituir tributos já existentes, será menor do que é cobrado hoje do consumidor. Para o petista, "se todo mundo der a sua contribuição, a alíquota vai ser menor", ao defender uma ampliação da base de contribuintes

"Às vezes, eu ouço notícias de jornal: 'Ah, mas a nossa alíquota de IVA vai ser uma das maiores do mundo'. Primeiro, vai ser muito menor do que a de hoje. Isso ninguém fala. Muito menor do que a praticada hoje. E em segundo lugar, o IVA será tão menor quanto maior for a base de arrecadação".

 

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