BRASÍLIA - A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, criticou nesta sexta-feira (14) pelas redes sociais os ataques direcionados à primeira-dama, Janja da Silva, e à ministra de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann. Cida ainda lembrou que isso ocorre justamente no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.

“Ontem foi um dia vergonhoso e de retrocessos. Após ataques misóginos, e que, como ela mesma apontou, atacam sua integridade, @JanjaLula tornou sua conta no Instagram privada. Não é admissível que a internet seja um espaço sem regulamentação, livre para discurso de ódio. E as mulheres são umas das principais vítimas”, afirmou Cida.

A primeira-dama trancou, nesta semana, seu perfil no Instagram em função de uma série de ataques misóginos. Com isso, apenas seus seguidores conseguem visualizar o conteúdo que ela publica na rede social. Em nota, ela disse que as plataformas digitais “têm sido uma ferramenta cada vez mais utilizada para propagar o ódio e a misoginia”.

Janja afirmou que a decisão de restringir o acesso à sua conta é temporária, visando “reforçar a moderação dos comentários em suas publicações, bem como de seus seguidores”. Na mesma nota, ela defendeu que as plataformas digitais sejam regulamentadas não só no Brasil, como globalmente. Ela prega que as redes se responsabilizem e punam os crimes cometidos dentro delas.

Cida Gonçalves ainda citou o fato ocorrido com Gleisi Hoffmann. Na quarta-feira (12), o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) disse em rede social que imaginou um trisal entre Gleisi Hoffmann (PT), o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

“Enquanto isso, a nova ministra @gleisi foi atacada de maneira repulsiva e covarde pelo deputado Gustavo Gayer. É gravíssimo que um parlamentar tenha tal sentimento de impunidade ao cometer tamanha violência política contra as mulheres. Tudo isso no mês das mulheres. Minha solidariedade às minhas duas parceiras, mulheres de força e que não se intimidam”, escreveu a ministra das Mulheres. 

Nas redes sociais, o parlamentar do PL se dirigiu diretamente ao líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, que namora Gleisi desde 2020, e perguntou: “Vai mesmo aceitar o seu chefe oferecer sua esposa para o Hugo Motta e Alcolumbre como um cafetão oferece uma GP?? Sua esposa sendo humilhada pelo seu chefe e vc vai ficar calado??”. GP é a sigla para “garota de programa”. 

A publicação de Gayer ocorreu após Lula ter dito durante evento público que para melhorar a relação com Alcolumbre e com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) colocou uma "mulher bonita" como ministra da articulação política do governo.

Após o episódio, o PT apresentou nesta sexta-feira no Conselho de Ética da Câmara um pedido de cassação do mandato de Gayer. Já Alcolumbre anunciou que pedirá medidas contra o deputado federal no Conselho de Ética da Câmara e uma responsabilização criminal. O mesmo será feito pelo PT, em denúncia à Procuradoria-Geral da República (PGR).