BRASÍLIA - O vice-presidente da República e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira (16/7) que enviou uma nova carta ao governo dos Estados Unidos cobrando resposta a uma proposta enviada pelo Brasil no dia 16 de maio. A declaração foi dada após uma nova rodada de reunião do comitê criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema.

"Nós tínhamos feito, no dia 16 de maio, uma proposta. Ela foi confidencial aos Estados Unidos, enumerando um conjunto de itens em que se poderia avançar no acordo comercial, sempre procurando estimular o acordo comercial, estimular complementariedade econômica e crescimento do comércio exterior, que é emprego e renda. Isso foi no dia 16 de maio, mas não tivemos resposta até hoje", informou.

"Então ontem assinei com o chanceler Mauro Vieira um documento já entregue ao secretário Howard Lutnick e ao embaixador Greer do USTR [Unites States Trade Representative] pedindo uma resposta ao documento que foi encaminhado para a negociação para se buscar uma solução. Então, estamos aguardando resposta a esse documento", disse.

Segundo Alckmin, o governo espera resolver até o dia 1º de agosto a questão sobre as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump às exportações brasileiras para os Estados Unidos. Mas não descarta pedir adiamento da data para início da cobrança da nova taxa, prevista para o dia 1º de agosto.

"Olha, o que que eu tenho ouvido e e acho que esse é um pensamento comum do presidente Lula e dos empresários aqui envolvidos, do setor industrial, do agro, serviços, comércio. Nós queremos negociação, é urgente, o bom é que se resolva aí nos próximos dias. Se houver necessidade nessa negociação de prorrogar, não vejo o problema. Agora, o importante é resolver", afirmou.

"Se o Brasil é o segundo país do mundo com o maior déficit, os Estados Unidos o segundo maior superávit que eles têm é com o Brasil. Se cai o comércio, eles vão perder. Quer dizer, nos poucos países que eles têm um superávit importante. Então não tem lógica, né?", acrescentou.

Essa foi a quarta reunião do comitê criado pelo governo federal para discutir ações de proteção ao Brasil frente à tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, anunciadas pelos Estados Unidos. Entre os presentes, estavam representantes da Câmara Americana de Comércio para Brasil (AMCHAM Brasil) e de empresas norte-americanas como Amazon, Coca-Cola e Johnson & Johnson.

Na terça-feira (15/7), o comitê se reuniu empresários do setor industrial e do agronegócio. Uma das propostas em análise pelo comitê é o adiamento da cobrança da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, prevista para começar em 1º de agosto.  O pedido foi feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas, o vice-presidente já havia adiantado que o foco principal é resolver a questão "nos próximos dias". 

“Queremos resolver o problema o mais rápido possível. Se houver necessidade de mais prazo, vamos trabalhar nesse sentido”, afirmou Alckmin.

"Pudemos ouvir deles e reiterar o compromisso do diálogo, que é o compromisso do presidente Lula de promover o diálogo e trabalharmos juntos para reverter este quadro. Houve uma colocação que o prazo é exíguo, pedido um prazo maior. A ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas é procurar resolver até o dia 31. O governo vai trabalhar para resolver nos próximos dias", disse.

Entenda

Na última quarta-feira (9), o presidente norte-americano Donald Trump endereçou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que impunha uma sobretaxa de 50% sobre todas as exportações brasileiras nos Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Ele ainda ameaçou o país a não retaliar e fez exigências.

No informe, Trump cita nominalmente Bolsonaro e diz que o ex-presidente sofre uma "caça às bruxas". O norte-americano também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e atacou as decisões da Corte contra plataformas digitais que não cumprem a legislação brasileira - a exemplo de Rumble e X, que são norte-americanas.

Horas depois, o presidente Lula reagiu e publicou uma nota garantindo que o aumento das tarifas sobre os produtos brasileiros será respondido com a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil adotar medidas contra países que impõem tarifas unilaterais.