BRASÍLIA - A declaração final da cúpula de líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), realizada na Colômbia, destaca a "urgência" para que a região seja "livre de ameaças, agressões e medidas unilaterais, inclusive as coercitivas".

A presença de embarcações de guerra dos Estados Unidos na região do Caribe, próximo da Venezuela, foi tema da cúpula dos países que integram a OTCA, nesta sexta-feira (22/8). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegou que o objetivo da presença militar no local seria enfrentar ameaças de cartéis de drogas latino-americanos.  

Em seu discurso no encontro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que países ricos usam a luta contra o desmatamento como "justificativa para medidas protecionistas" e usam o combate ao crime organizado como "pretexto para violar soberania" de países menos desenvolvidos. O desmatamento foi citado por Trump em meio à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. 

A declaração dos países afirma ainda que os líderes da OTCA estão "conscientes da urgência de continuar a implementar plena e efetivamente as decisões políticas consagradas" dois anos atrás na cúpula de Belém, no Pará.

"Por meio de uma agenda de solidariedade cooperativa que respeite a soberania e a jurisdição dos Estados-membros, fortalecendo as capacidades nacionais e coordenando esforços para proteger a Amazônia e garantir os direitos de seus povos", diz o documento.

Além disso, a declaração final apoiou a criação pelo Brasil do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O lançamento está previsto para novembro, em Belém, durante a conferência do clima das Nações Unidas, a COP 30. 

O fundo captará recursos de países, empresas e entidades para financiar ações dos países em desenvolvimento que conservarem suas florestas, entre as quais a amazônica.

Na nota, os países da OTCA incentivaram os "potenciais países investidores a anunciar contribuições substantivas" para o fundo. Em sua fala, mais cedo, Lula também voltou a cobrar o financiamento de países ricos para ações de combate às mudanças climáticas.