BRASÍLIA – O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, se encontraram nesta quinta-feira (21/8), em Bogotá, na Colômbia, para conversar sobre o deslocamento de navios militares norte-americanos e o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países.

Trump enviou três navios de guerra para a região sul do Caribe dizendo que o objetivo da presença militar é enfrentar ameaças de cartéis de drogas latino-americanos. Ele alega aumento no tráfico de drogas oriundas da Venezuela com destino aos EUA, sem mostrar qualquer evidência e contrariando dados oficiais.

A imprensa norte-americana informou que Washington também planeja enviar cerca de 4 mil fuzileiros navais para o sul do Caribe. Ao mesmo tempo, a Casa Branca aumentou para US$ 50 milhões (R$ 274 milhões) a recompensa por informações que levem à captura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Os EUA não reconhecem as duas últimas reeleições presidenciais de Maduro e o acusa de liderar o chamado Cartel de los Soles, que considera uma organização criminosa. Questionada sobre a possibilidade de enviar militares à Venezuela, a Casa Branca disse na terça-feira (19/8) que Trump usaria “todos os meios” para deter o narcotráfico.

“O presidente Trump foi muito claro e consistente, está preparado para usar todos os meios do poder americano para evitar que as drogas inundem nosso país e trazer os responsáveis à justiça”, disse a secretária de imprensa de Trump, Karoline Leavitt. Ela descreveu o governo venezuelano como um “cartel do narcoterror”.

Maduro convoca milícia, reservistas e “todo o povo” 

Na quinta-feira, Maduro convocou a milícia, os reservistas e “todo o povo” para um alistamento no fim de semana a fim de enfrentar as “ameaças” dos EUA.

“Considerei necessário e oportuno que no sábado e no domingo tenhamos esta grande jornada de alistamento (...) para dizer ao imperialismo: Basta de tuas ameaças! A Venezuela te rejeita, a Venezuela quer paz!”, disse Maduro. 

As jornadas serão realizadas nas sedes de quartéis militares, em praças públicas centrais e nas “bases populares de defesa integral”, acrescentou o presidente venezuelano, que já havia anunciado na segunda-feira (18/8) um plano especial para garantir a cobertura com mais de 4,5 milhões de milicianos no país.

Lula também deve tratar de navios dos EUA

O encontro de Vieira e Gil ocorreu um dia antes do início da cúpula dos países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que começa nesta sexta-feira (22/8), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presença de navios de guerra dos EUA na região do Caribe deve ser tratada no encontro.

Outro assunto prioritário é a COP 30, que ocorre em novembro, em Belém. De acordo com o Ministério de Relações Exteriores, na cúpula da OTCA, os países da região deverão reafirmar seu compromisso com a cooperação amazônica. Lula também busca apoio a iniciativas brasileiras a serem lançadas na ocasião, em especial o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

O governo brasileiro quer, por exemplo, que a conferência defina metas de redução de gases de efeito estufa e avance na definição de um mecanismo de remuneração para países em desenvolvimento preservarem suas florestas.

“A Cúpula de Bogotá ocorre dois anos após a Cúpula de Belém, que constituiu importante marco no relançamento da cooperação entre os países da Amazônia, centrada na proteção do bioma, no desenvolvimento sustentável com inclusão social e no reconhecimento do protagonismo de povos indígenas e comunidades locais”, disse o Itamaraty em nota. (Com AFP)