Neste sábado (23), manifestações "em defesa da democracia e contra a anistia aos envolvidos nos atos criminosos do 8 de janeiro" ocorrerão em 17 Estados e no Distrito Federal. A mobilização é organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, em conjunto com centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos. E segundo o movimento, tem como objetivo "fortalecer os valores democráticos e a liberdade".
Esses atos acontecem às vésperas do aniversário de 60 anos do golpe que iniciou a ditadura militar no Brasil, em 1964. Nesse contexto, os participantes das manifestações reafirmarão o lema "ditadura nunca mais". Além disso, a manifestação é vista como uma resposta direta ao evento organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, em São Paulo, realizado em meio a investigações da Polícia Federal (PF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Na ocasião, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reconheceu a amplitude do ato adversário. Para este sábado (23), existe uma preocupação com a possibilidade de uma comparação desfavorável em termos de público para a esquerda. Apesar disso, Lula optou por não participar do ato, buscando se distanciar do tema e concentrar esforços no aumento de sua popularidade, especialmente diante de pesquisas que apontam uma rejeição significativa.
Essa decisão também acompanha o veto do presidente a eventos relacionados ao golpe e a estratégia do governo de se manter à margem das manifestações. Além do tema da democracia, outro aspecto que aparecerá nas manifestações é o de apoio à Palestina durante o conflito com Israel e o grupo Hamas, iniciado em 7 de outubro de 2023.
Na política internacional, esse é um dos assuntos que mais dividem esquerda e direita no Brasil. Enquanto esquerdistas defendem a criação de um Estado palestino e denunciam o que seria um genocídio contra o povo palestino, direitistas ressaltam o direito de Israel de se defender contra o Hamas.
E apesar de darem como certo que manifestantes devem levar cartazes com esse tipo de alusão, não está no plano dos organizadores pedir expressamente a prisão de Jair Bolsonaro, mesmo após as investigações da Polícia Federal terem agravado a situação dele na Justiça, com depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas apontando que ele teria apresentado uma minuta de golpe de Estado.
Os Estados que confirmaram os atos e que também terão mobilizações são listados abaixo, juntamente com o Distrito Federal.