PROPRIEDADE RURAL

Bolsonaro diz que assentados passaram para o lado do governo e ignora Incra

Após Incra divulgar a suspensão da entrega de títulos de propriedade, Jair Bolsonaro fez propaganda desses certificados em evento do PL em Goiás

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 14 de maio de 2022 | 15:35
 
 
 
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No dia seguinte ao anúncio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) da suspensão da entrega de títulos de propriedade rural por falta de verbas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que esses títulos fazem assentados ficarem do lado do governo.

Com críticas ao Movimento Sem Terra, Bolsonaro também afirmou que o assentado passou a ser cidadão."O integrante do MST, o assentado, ao receber um título de propriedade, passou a ser um cidadão e ficou do nosso lado", disse, por videoconferência, em ato do PL, em Goiás, neste sábado (14).

"Quando estava do outro lado, era obrigado a seguir orientações de João Pedro Stédile [liderança do MST], entre outros marginais. Hoje em dia, ao receber o título de terra, passou para o lado do bem e é parceiro do fazendeiro", acrescentou Bolsonaro.

Segundo carta distribuída internamente aos servidores do Incra, que é subordinado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foram suspensas todas as atividades que não sejam “urgentes e obrigatórias”, incluindo eventos e a entrega de títulos da reforma agrária. O documento foi obtido pela Folha de S. Paulo.

O motivo é a falta de verbas, segundo o documento assinado pelo presidente da autarquia, Geraldo José Filho. A carta explica que as ações do órgão são financiadas pelas chamadas emendas de relator do Orçamento Geral da União (rubrica RP-9) e que elas estariam pendentes de indicação pelo relator-geral, que é o deputado Hugo Leal (PSD-RJ).

Os eventos de entrega de títulos rurais têm tido a participação frequente do presidente Jair Bolsonaro. Só neste ano, ele marcou presença em sete cerimônias, onde faz discursos contra movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O ato do PL foi para o lançamento da pré-candidatura do deputado federal bolsonarista Vitor Hugo ao governo do Goiás e teve participação do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto.

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