Chico Buarque alfineta Bolsonaro ao receber Prêmio Camões: 'rara fineza'

O escritor, compositor e músico brasileiro Chico Buarque de Holanda fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante a cerimônia de entrega do Prêmio Camões, em Portugal, nesta segunda-feira (29).  

Chico Buarque chegou a ironizar o fato do ex-mandatário ter se recusado a assinar, em 2019, os documentos necessários para que ele recebesse o maior prêmio da língua portuguesa. Simpático ao PT e à esquerda, o artista brasileiro é desafeto de Jair Bolsonaro e da extrema-direita. 

“Reconforto em me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para assinatura do nosso presidente Lula”, discursou na presença dos presidentes de Brasil, Portugal de escritores de diferentes países que falam a língua portuguesa.  

Com ou sem assinatura de Jair Bolsonaro, o governo de Portugal chegou a indicar que Chico Buarque seria laureado com o Prêmio Camões em 2020. Porém, com a pandemia da Covid-19, a solenidade de entrega foi adiada também para os vencedores dos anos de 2020, 2021 e 2022.  

Em seu discurso, Chico Buarque mencionou que “valeu a pena esperar” pelos últimos quatro anos, mas que em meio a pandemia e a gestão anterior, o tempo parecia uma eternidade. “Quatro anos, no que diz respeito ao meu país, de um governo funesto, duraram uma eternidade, porque foi um tempo, em que o tempo pareceria andar para trás.”, pontuou.  

“Aquele governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, porque a ameaça fascista persiste no Brasil, como em um pouco, por toda a parte”, declarou.  

“Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”, concluiu.  

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