BRASÍLIA - A nomeação de Paulo Pimenta como ministro extraordinário para a reconstrução do Rio Grande do Sul foi oficializada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um evento no Auditório da Unisinos, em São Leopoldo (RS), nesta quarta-feira (15).
A decisão de nomear o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) para o cargo gerou críticas não apenas de oposicionistas, mas também de aliados do petista. Eles apontam para uma politização da tragédia climática que causou, até o mais recente balanço da Defesa Civil, 149 mortes.
Durante o evento de oficialização, Paulo Pimenta foi visto com um sorriso largo ao lado do presidente Lula, enquanto o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), demonstrou seriedade e desconforto.
A indicação de Lula levantou discussões sobre as motivações políticas por trás da escolha de Pimenta, especialmente no contexto das eleições para o governo do Rio Grande do Sul em 2026, onde ele se coloca como adversário político de Eduardo Leite.
Diante das preocupações sobre a politização durante a tragédia climática, uma sugestão surgiu dentro de uma parte do governo para nomear o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) como ministro extraordinário para a reconstrução.
No entanto, essa proposta não recebeu o apoio de Lula, considerando o histórico de Alckmin no PSDB, partido de Leite, e sua falta de vínculos com o Estado. Sobre a escolha de Pimenta, o governador Leite comentou nesta quarta-feira (15): "Toda ajuda é bem-vinda".
A escolha de Pimenta também reflete a intenção de contrabalancear a influência de Jair Bolsonaro (PL) no Estado. O Rio Grande do Sul possui regiões onde os aliados do ex-presidente têm uma forte presença, tendo ele conquistado a maioria dos votos dos eleitores gaúchos nas eleições de 2018 e 2022.
Novos desafios após críticas à Secom
A indicação de Paulo Pimenta para o cargo de ministro extraordinário também representa um desafio, especialmente após críticas à sua gestão na Secom. Lula, em uma reunião ministerial, demonstrou insatisfação e destacou a necessidade de uma comunicação mais eficaz das ações do governo federal.
Com a saída temporária de Pimenta da Secom, aliados do ex-presidente veem uma oportunidade para implementar mudanças nessa área. No entanto, o gaúcho não tem planos de se afastar completamente e continuará a desempenhar um papel ativo nas principais decisões da pasta.
Durante sua ocupação interina no ministério extraordinário, o jornalista Laércio Portela, integrante de sua equipe, assumirá temporariamente o comando da Secom.