O retorno do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a Brasília, nesta quinta-feira (18), após cinco dias de viagens pelo Oriente Médio, será atribulado e envolve o futuro da campanha pela reeleição em 2022. Além de desenrolar o prometido Auxílio Brasil de R$ 400, o presidente terá que decidir sobre a conturbada filiação ao PL de Valdemar Costa Neto.
A chegada do presidente está prevista para o fim da tarde, pois ele deixou Doha, capital do Catar, na madrugada desta quinta-feira. Logo após sua chegada, Bolsonaro deve participar de uma reunião com a equipe econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar do Auxílio Brasil.
O programa social é uma das principais preocupações do governo Bolsonaro, pois a continuidade do pagamento de R$ 400 para os beneficiários do extinto Bolsa Família – cujo número o governo pretende ampliar de 14,6 milhões de famílias para 17 milhões – depende da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Congresso.
A primeira parcela do Auxílio Brasil, liberada na última quarta-feira (17), pagou um valor médio de R$ 218. Mas será necessário abrir um espaço fiscal de R$ 91,6 bilhões para bancar os R$ 400 prometidos pelo governo federal, o que seria viabilizado pela PEC dos Precatórios.
Aprovada na Câmara, atualmente a PEC está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas caso os senadores decidam fazer alguma alteração, ela retornará para nova rodada de votações na Câmara dos Deputados. Por isso, o governo Bolsonaro teme que as próximas parcelas do benefício estejam comprometidas.
Embora tenha conseguido escapar da exposição na sequência do cancelamento da filiação ao partido comandado por Valdemar Costa Neto, que estava marcada para a próxima segunda-feira (22), Bolsonaro terá que se decidir nos próximos dias.
Na quarta-feira (17), os dirigentes do partido decidiram dar “carta branca” a Costa Neto para articular com Bolsonaro os apoios e coligações partidárias nos estados. No entanto, integrantes do partido já sinalizaram que não devem continuar no partido se a filiação de Bolsonaro se confirmar.
Um desses liberais é o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), que não esconde o desconforto em ser correligionário de Bolsonaro. Além dele, membros do partido no Piauí, Pará e São Paulo têm sinalizado incômodo com a interferência requerida pelo presidente da República nos acordos estaduais, como apoio a partidos que não são aliados de Bolsonaro.
Ainda assim, de acordo com o senador Wellington Fagundes (PL-MT), o partido está disposto a abrir mão de algumas alianças para atender às exigências do chefe do Executivo federal e garantir a filiação.
"Será tudo conversado e analisado caso a caso. Estamos recebendo o presidente com uma posição ideológica muito clara, de centro-direita. Dificilmente acontecerá uma coligação com partidos de esquerda", declarou Fagundes.
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