'BOICOTE A JUDEUS'

Em evento do MST, ministros de Lula saem em defesa de Genoino: 'Perseguição'

Ex-deputado federal e ex-presidente do PT José Genoino defendeu boicote as empresas de judeus como forma de protestar em favor da causa Palestina

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 27 de janeiro de 2024 | 19:33
 
 
 
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Os ministros Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) saíram em defesa do ex-deputado federal e presidente do PT José Genoino, durante ato em celebração aos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), neste sábado (27). Eles disseram que Genoino “sofre perseguição” por defender a causa Palestina. 

O ex-presidente do PT causou polêmica na semana passada ao sugerir um boicote a empresas de judeus em função da guerra entre Israel e Hamas, que acontece desde outubro de 2023 no Oriente Médio. A declaração foi vista como ofensiva e gerou reações tanto de comunidades judaicas, quanto de autoridades.

O atrito começou quando Genoíno declarou, no dia 20, achar “interessante” a espécie de punição a essas empresas “por motivos políticos que ferem interesses econômicos”. Ele falou em entrevista ao DCM (Diário do Centro do Mundo) TV, portal popularmente conhecido no campo político de esquerda.

Ao discursar no evento do MST neste sábado, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, prestou “homenagem e solidariedade” a Genoino e disse que ele “sofre perseguição por defender a causa Palestina” e pediu uma salva de palmas ao ex-presidente do PT. 

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também prestou solidariedade ao ex-deputado federal e disse que Genoino está sendo “vítima de um ataque” por defender o povo palestino e de ter protestado contra o “genocídio” cometido pelo exército de Israel. "Aquilo não diz respeito à humanidade e aos nossos tempos. Aquilo é cruel e vamos protestar de toda forma contra aquela crueldade", disse. 

Também presente no evento, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida não fez menção ao Genoino, ainda assim prestou homenagem ao povo palestino. Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, sendo o primeiro a discursar entre os demais, não fez qualquer menção ao tema.

A fala de Genoino ao DCM motivou uma nota de repúdio "veemente" da Confederação Israelita do Brasil (Conib). "É uma fala antissemita, e o antissemitismo é crime no Brasil. O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto", disse o comunicado. 

Na última segunda-feira (22), foi a vez de Genoíno repudiar a nota da Conib. "Apresento meu repúdio à nota da Conib (Confederação Israelita do Brasil) e afirmo que não sou e nunca fui antissemita. Repudio, também, qualquer tipo de preconceito contra o povo judeu e defendo a existência de dois Estados", disse.

"Temos a obrigação de denunciar o genocídio do governo de Israel contra o povo palestino. Tenho defendido, incansavelmente, o cessar-fogo, a paz entre os povos e a solidariedade ao povo palestino", completou o político.

As falas de Genoíno geraram reações que respingaram em órgãos de investigação. O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP) apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente do PT. Ele pediu que o MPF abra um inquérito policial, caso entenda que não há elementos para já iniciar uma ação penal para enquadramento na lei antirracismo.

O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) também foi ao MP e pediu uma ação de responsabilidade por danos morais coletivos causados à comunidade judaica no Brasil. 

Zé Dirceu no evento do MST

Presente no ato dos 40 anos do MST, o  ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse à imprensa que tem falado pouco com o presidente Lula.  "Ele sabe o que eu penso e eu sei o que ele pensa”, declarou ao jornal Folha de S. Paulo. 

Conforme a reportagem, Dirceu disse que mantém interlocução com os ministros da atual gestão e que, por isso, não precisa falar com o petista. “Ele tem mais o que fazer do que conversar comigo", pontuou. Ex-homem forte do governo Lula, Dirceu disse que está focado em ajudar o partido nas eleições de 2024.

Membros do núcleo duro do primeiro e segundo mandato de Lula, Genoino e Dirceu foram condenados no processo do Mensalão.  Dirceu, por exemplo, chegou a ser preso durante a Operação Lava-Jato. Condenado, ele teve os direitos eleitorais cassados.

Maduro parabeniza o MST pelos 40 anos

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, celebrou os 40 anos do MST. O líder venezuelano não estava no evento em São Paulo, ainda assim, prestou homenagem pelas redes sociais. 

"Parabenizo o MST do Brasil pelos seus 40 anos de luta popular. Um grande abraço bolivariano! Celebro com alegria esse espírito de coragem e rebeldia dos trabalhadores rurais no Brasil, pela defesa da terra, do meio ambiente e pela construção do socialismo. Avante, mulheres e homens do campo! Viva a organização popular e o trabalho coletivo! Para frente, irmãos e irmãs!", escreveu Maduro na rede social X (antigo Twitter). 

 

 

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