Em reação aos ataques mais recentes do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e outras autoridades contrárias à vacinação infantil que combate a Covid-19, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou uma nota de repúdio na quarta-feira (6) e nesta quinta-feira (7) a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também se manifestou.
O assunto tem ganhado destaque no debate público ao longo desta semana, quando após consulta e audiência públicas convocadas pelo Ministério da Saúde, a pasta divulgou o plano do governo federal para incluir as crianças com idade de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19.
"A população não deve temer a vacina, mas, sim, a doença que ela busca prevenir, bem como suas complicações, como a covid longa e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica, manifestações que consolidam a necessidade da imunização do público infantil", inicia a nota da SBP.
Em seguida, o manifesto reitera que "o acesso das crianças à vacina contra a Covid-19 é um direito que deve ser assegurado", referindo-se ao artigo nº 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Por sua vez, a SBIm foi mais incisiva e lembrou que o mandatário do país se posicionou novamente "publicamente contra a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19".
Na quinta-feira (6), afirmou durante entrevista à rádio pernambucana Nova FM, que sua filha Laura, de 11 anos, não vai se vacinar e chamou técnicos da Anvisa de "tarados por vacina".
À noite, durante a live semanal, o presidente novamente desestimulou pais e responsáveis por crianças a vaciná-las contra o coronavírus, além de levantar suspeitas quanto à dose pediátrica da Pfizer.
"Ao deturpar informações apresentadas por renomados cientistas na audiência pública, menosprezar as sérias complicações da doença na população infantil — ignorando centenas de óbitos — e criar artifícios para adiar o início da vacinação, o mandatário cria um desnecessário clima de medo, que pode motivar inúmeros pais ou responsáveis a não levarem suas crianças às salas de vacinação. Em outras palavras, o discurso pode causar hospitalizações, mortes e sofrimento evitáveis", declarou ainda em nota a SBIm.
No repúdio da SBP, foi destacado também que "os estudos realizados apontam a eficácia e a segurança da vacina aplicada na população pediátrica, a qual é fundamental no esforço para reduzir as formas graves da covid-19".
"Negar este benefício às crianças sem evidências científicas sólidas, bem como desestimular a adesão dos pais e dos responsáveis à imunização dos seus filhos, é um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas", finaliza a nota dos pediatras.
A dose pediátrica da Pfizer/BioNTech para o público infantil foi aprovada e recomendada ao governo federal pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 16 de dezembro de 2021.
De acordo com a determinação do parágrafo único do artigo 14º do ECA, "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias".
O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar o noticiário dos Três Poderes