COVID-19

Bolsonaro desestimula pais a vacinar crianças e levanta suspeitas sobre Pfizer

Presidente disse na live que vacinação não é obrigatória e que sua filha de 11 anos, Laura Bolsonaro, não vai ser imunizada

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 06 de janeiro de 2022 | 19:22
 
 
 
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Na tradicional live divulgada pelas redes sociais, nesta quinta-feira (6), o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desestimulou pais e responsáveis por crianças com idade entre 5 e 11 anos a levá-las para se vacinar contra a Covid-19. 

Ele reiterou que a dose pediátrica do imunizante da Pfizer/BioNTech, aprovada e recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro, não é obrigatória. 

"Ninguém é obrigado a vacinar o filho. Nenhum prefeito ou governador, existem uns aí com essa ideia, poderá impedir o garoto ou a garota de se matricular nas escolas por falta de vacina", declarou o presidente.

Ele ainda foi mais incisivo: "Eu adianto a minha posição: a minha filha de 11 anos não será vacinada. Se você quiser seguir meu exemplo, tudo bem. Se não quer, é um direito seu, pode vacinar teu filho tão logo essa vacina da Pfizer esteja disponibilizada".

Os comentários anti-vacina e negacionistas do presidente vêm um dia depois que o Ministério da Saúde divulgou em coletiva de imprensa o plano do governo para imunizar as crianças contra o coronavírus. 

Desestímulo à vacinação de crianças

Embora o governo tenha comprado 20 milhões de doses da vacina para o público infantil, nem o chefe do Executivo nem o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estão empenhados na campanha pela vacinação das crianças.

Ao contrário, durante a coletiva, Queiroga admitiu que não foram compradas vacinas infantis suficientes para a primeira e segunda doses e afirmou que essa compra vai depender da "adesão dos pais e responsáveis a essa vacinação". 

Questionado pela reportagem de O TEMPO na coletiva, o ministro e os secretários presentes não responderam como será feita a campanha de orientação aos pais para a vacinação das crianças.

Ainda na live, Bolsonaro levantou suspeitas sobre a segurança e eficácia da vacina da Pfizer. Ele afirmou que os pais serão informados de que a farmacêutica não se responsabilizará por eventuais efeitos colaterais do imunizante. 

"Vai ser obrigado a falar para os pais que querem vacinar seus filhos de 5, 6, 10 anos de idade que pode ter certos sintomas, como dor, febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, mialgia", disse. "Pai e mãe, vocês estão cientes da responsabilidade de vocês em vacinar ou não o seu filho. Eu repito, a minha filha não será vacinada", reforçou.

Até o momento, foram aplicadas, no mundo, mais de 8 milhões de doses da vacina pediátrica da Pfizer. Segundo apresentações de especialistas convocados para a audiência pública organizada pelo Ministério da Saúde na terça-feira (4), não foram constatados efeitos colaterais graves.

Ao contrário, diminuiu significativamente a quantidade de mortes de crianças ocasionadas pela Covid-19, além de diminuição de hospitalizações e sequelas da doença.

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