O Ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, comentou nesta quarta-feira (18) sobre o veto dos Estados Unidos à resolução apresentada pelo Brasil na reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Vieira disse que a motivação do Brasil sempre foi humanitária em relação ao conflito entre Israel e o Hamas, e que “cada país teve sua inspiração própria”. 

“Infelizmente, não foi possível aprovar a proposta. Ficou clara uma divisão de opiniões, mas acho que do ponto de vista da nossa presidência e do governo brasileiro fizemos todo o esforço possível para que cessassem as agressões e pudesse ser dado algum tipo de assistência às populações locais e aos brasileiros na Faixa de Gaza. Nossa preocupação foi humanitária e cada país teve sua inspiração própria”, disse Mauro Vieira. 

Ele ainda ressaltou que, dos 15 países que fazem parte do grupo, o Brasil conseguiu o apoio da maioria. "Fizemos consultas para criar um texto mais palatável a todos. Após intensas e múltiplas consultas, apresentamos um texto que foi aceito por 12 dos 15 membros. O texto focava basicamente na cessação das hostilidades, criação de uma passagem humanitária e estabelecia possibilidade de envio de ajuda humanitária".

A proposta brasileira citava, entre outros pontos, “os ataques terroristas atrozes do Hamas que ocorreram em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis”. Além disso, incentivava "o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária a civis”. 

Por ter a presidência do grupo até dezembro, a sessão foi aberta pelo embaixador do Brasil na ONU, Sérgio França Danese. Após mudanças sugeridas pela Rússia no texto, a matéria foi para votação. No conselho, 12 países foram favoráveis à resolução, como China e França. Rússia e Reino Unido se abstiveram, enquanto os Estados Unidos votaram contra. 

Como os EUA são um membro permanente do colegiado, o país possui poder de veto sobre qualquer decisão do colegiado, o que impediu que o projeto do governo brasileiro fosse para frente, mesmo que a maioria do grupo tivesse se posicionado de forma favorável à resolução. 

Uma das justificativas utilizada pelo governo americado para o veto foi a de que o país ficou "desapontado" por o texto não mencionar o direito de autodefesa de Israel em meio ao conflito. A explicação foi dada pela embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield. 

Após a negativa da proposta do Brasil que auxiliava a criação desse corredor humanitário entre Gaza e o Egito para a saída de civis e o ingresso de ajuda humanitária foi rejeitada, Mauro Vieira afirmou que “não há uma perspectiva” e que o governo brasileiro “não tem ideia” de quando vai ocorrer abertura da fronteira para resgatar o grupo de 32 brasileiros que aguardam resgate

Operação Voltando em Paz

O ministro também citou que a operação "Voltando em Paz” essa foi a "maior operação de repatriação de brasileiros em zonas de conflito" feita pelo Itamaraty e pela Força Aérea Brasileira (FAB). Com o sétimo voo previsto para pousar, nesta quinta-feira (19), no Aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro, serão 1.135 brasileiros e 24 pets resgatados da região de guerra.

O ministro ainda informou que o país vai ajudar na repatriação de 15 estrangeiros que pediram auxílio ao governo federal para sair de Israel por meio de voos da FAB. Eles são bolivianos, argentinos, paraguaios e uruguaios. Segundo o chanceler, nove países latino-americanos já procuraram o Brasil para repatriação de seus respectivos cidadãos.