Mercado

Itaú prevê queda de 0,5% do PIB em 2022 e aumento no dólar

Os analistas do maior banco do país destacam o aumento da incerteza fiscal, que implica em um risco-país mais alto, maior depreciação do real e perspectivas piores para a inflação

Por Renato Alves
Publicado em 25 de outubro de 2021 | 13:49
 
 
 
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Após o Banco Central divulgar, nesta segunda-feira (25), o Relatório do Mercado Focus semanal que elevou de 8,25% para 8,75% a projeção da taxa básica de juros (Selic) em 2021, o Itaú Unibanco publicou uma análise mostrando que o juro básico deverá chegar ao fim do ciclo em 11,25%, desacelerando ainda mais a economia. 

Os economistas do Itaú Unibanco esperam um recuo de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. Antes, a expectativa era de crescimento de 0,5%. Em relação ao PIB deste ano, o Itaú manteve sua projeção de crescimento de 5%.

Os analistas destacam o aumento da incerteza fiscal, que resulta em um risco-país mais alto, maior depreciação do real e perspectiva de alta na inflação. 

Maior instituição bancário do Brasil, o Itaú Unibanco também ressaltou um movimento motivado “pela forte mudança recente nos preços e perspectivas para os ativos brasileiros, com suas consequências para a inflação e para a política monetária”.

Para o Itaú, o Banco Central enfrenta uma situação difícil de ter que acomodar choques sucessivos sem perder credibilidade e manter expectativas de inflação de médio prazo alinhadas às metas.

“Em nossa visão, elevar a taxa Selic em 1,0-1,25 p.p. seria uma resposta inadequada, pois sinalizaria uma disposição excessiva para acomodar os riscos de inflação mais elevada, enquanto um movimento acima de 1,5 p.p. provavelmente levaria a uma taxa de juros terminal que colocaria a economia em recessão profunda”, dizem os economistas.

Assim, para eles, embora o meio-termo (alta de 1,50 ponto na Selic) não evite uma recessão, deve contribuir “para limitar o aumento das expectativas de inflação”.

O Itaú elevou a projeção para a inflação oficial no fim deste ano de 8,7% para 9%, enquanto a estimativa para 2022 foi de 4,2% para 4,3%. Além disso, apesar de uma Selic mais alta, os economistas acreditam que o aumento do prêmio de risco no Brasil deve limitar o potencial de apreciação do real.

Assim, o Itaú passou a esperar que o dólar termine tanto este ano quanto 2022 em R$ 5,50, e não mais em R$ 5,25.

Focus também aumenta projeção de juros e inflação

O primeiro Relatório do Mercado Focus semanal após a crise no Ministério da Economia, que levou ao pedido de demissão de quatro secretários, na última sexta-feira (22), analistas elevaram de 8,25% para 8,75% a projeção da taxa básica de juros (Selic) em 2021 em 8,75% ao ano. 

Para 2022, os analistas consultados pelo BC projetaram uma taxa de juros em 9,5% ao ano. O mercado ainda estima que a inflação terminará o ano em 8,96% e de 4,4% no próximo ano.

A expectativa do mercado é que o crescimento econômico seja de 4,97% em 2021 e de 1,4% no próximo ano.

O Relatório de Mercado de Focus é divulgado pelo Banco Central toda segunda-feira, às 8h30, com o resumo das estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas nos 30 dias corridos até a data de referência do relatório.

Governo envia projeto para remanejar R$ 9,3 bilhões

Também nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional, um projeto de lei que remaneja recursos do Bolsa Família para o novo programa Auxílio Brasil, que está sendo criado pelo governo em meio a muita polêmica, por causa da ameaça ao teto de gastos, que culminou na demissão de quatro secretário do Ministério da Economia, semana passada.

O projeto propõe a abertura de crédito especial no valor de R$ 9,3 bilhões em favor do Ministério da Cidadania para o novo programa social. De acordo com a Secretaria-Geral de Governo, o remanejamento evitará a "esterilização" de recursos orçamentários destinados à transferência de renda, já que o Bolsa Família será extinto em novembro.

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