Minascentro

Lula, Zema e Fuad dividirão o mesmo palco em evento em BH nesta quinta-feira (8)

O presidente o governador atuam em campos opostos na política, enquanto o entrave com o prefeito é cercado por dúvidas eleitorais; esta será a primeira visita de Lula a Minas nesse governo

Por Lucyenne Landim | Gabriela Oliva | Letícia Fontes
Publicado em 07 de fevereiro de 2024 | 09:03
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), vão dividir o mesmo palco em evento marcado para esta quinta-feira (8) na capital mineira. Há um ato previsto para ocorrer no Minascentro, na região Central da cidade, para cerca de 800 pessoas, com foco em anúncios de liberação de recursos para ações estaduais. 

Fuad já confirmou presença. Um documento da preparação do evento ao qual a reportagem teve acesso mostra que Zema também vai comparecer. E ele ainda espera uma resposta da Presidência da República sobre um pedido de agenda privada com Lula - os dois ainda não se encontraram a portas fechadas desde a posse do petista, em janeiro de 2023. Os três atuam em lados opostos da política. Enquanto o presidente assume o campo de esquerda, o governador ocupa a posição de direita, com proximidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Já o prefeito, que quer buscar a reeleição em outubro deste ano apesar de ainda não ter tido seu nome consolidado pela sigla, tem um entrave eleitoral com Lula inflamado pelo racha do PSD no Estado. O partido espera que Lula apoie a legenda em retribuição à aliança firmada em 2022. O petista, no entanto, espera o aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com quem busca manter uma boa relação.

Fuad tem seu nome chancelado pela ala da sigla que não age com a melhor disposição com Pacheco, o que é visto como uma trava ao presidente do Senado. O peso eleitoral do prefeito que está com boa avaliação na cidade, no entanto, é considerado como positivo pelo PSD. É nesse cenário que cresce a tendência para que Lula apoie Fuad com a chancela de Pacheco.

Outro nome que se envolve nesse jogo é o do deputado federal Rogério Correia (PT-MG). Ele se lançou pré-candidato à prefeitura de BH sem a benção formal de Lula, e age politicamente para reverter esse quadro. Correia também dividirá o palco do evento no Minascentro, e há expectativa sobre a presença dos quatro no mesmo lugar.

A presença de Lula e de Zema, especificamente, no mesmo palco, não deve gerar a mesma expectativa de quando o presidente e o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), trocaram afagos e momentos descontraídos, em meio a risadas, em evento na última sexta-feira (2). Um dos nomes fortes de Bolsonaro pelo menos até a última eleição, Tarcísio tem sido chamado de "traidor" pela base da direita.

Zema será o quarto governador de direita que Lula encontra desde o final de janeiro. Além de Tarcísio, o presidente esteve com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), em evento na terça-feira (6) no Estado, e com o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), na última semana em Brasília. Os quatro governadores são aliados de Bolsonaro.

Lula antecipa desembarque em Belo Horizonte e surpreende petistas

Embora a agenda pública de Lula na capital mineira seja na quinta-feira (8), ele antecipou sua ida e chega na tarde desta quarta-feira no Aeroporto da Pampulha. Petistas procurados pela reportagem não sabiam dessa adiantamento da agenda e nem mesmo haviam sido comunicados sobre quais os compromissos que o presidente terá ao longo do dia. 
 
Até então, os correligionários apenas tinham conhecimento de que Lula dormiria em Belo Horizonte de quarta para quinta (8/2). A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), por exemplo, não teria sido comunicada formalmente da visita do presidente a Minas. Ela chegou a manifestar insatisfação a interlocutores com a falta de prestígio dos petistas mineiros. 
 
Desde que assumiu o terceiro mandato, Lula não veio a Minas Gerais, que foi decisiva na vitória contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Por isso, desde que cancelou a visita prevista para setembro de 2023 em razão de uma operação no quadril, a pressão por uma agenda no Estado por deputados federais e estaduais do PT de Minas, que já não comandam um ministério na Esplanada, é crescente.

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