O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não é preciso mais que o MST e outras entidades do campo invadam terra no Brasil, já que cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, definir quais são as terras improdutivas e que podem ser alvo de reforma agrária. Ele ainda afirmou que fará um processo "tranquilo e pacífico", como entende querer a sociedade. As declarações foram dadas na "Conversa com o Presidente", live semanal que estreou nesta terça-feira (13).

"Nós vamos fortalecer a pequena e a média propriedade, nós vamos fortalecer o agronegócio, nós vamos continuar fazendo reforma agrária, pois aonde precisar assentar gente nós vamos assentar. E é uma coisa importante. Nós estamos no governo. Eu disse pro Paulo Teixeira (ministro do Desenvolvimento Agrário) esses dias. 'Ô Paulo, não precisa mais invadir terra'. Ora, se quem faz o levantamento da terra improdutiva é o Incra, o Incra que comunica o governo quais são as propriedades improdutivas que existem em cada Estado brasileiro. E daí nós vamos discutir a ocupação dessa terra", disse Lula. 

O presidente afirmou que a questão é simples. "Não precisa ter barulho, não precisa ter guerra. O que precisa ter é competência e capacidade de articulação", completou.

Lula afirmou que solicitou a Paulo Teixeira que o Incra repasse qual é a totalidade de "terras ociosas que ele acha que tem no Brasil" e disse que é diante desses dados que vai discutir com os movimentos de luta no campo "para fazer os assentamentos necessários com muita tranquilidade". 

O presidente afirmou que, na campanha de 2003, encomendou uma pesquisa sobre se o povo queria uma reforma agrária ampla ou radical e a resposta é que o povo queria "uma reforma agrária tranquila e pacífica. "Então, é essa a reforma agrária que nós vamos fazer no país", enfatizou.

As declarações de Lula pedindo o fim das invasões se dá no momento em aumento das tensões entre os trabalhadores sem terra e a bancada ruralista, inclusive com a instalação de uma CPI do MST no Congresso.

Na entrevista, Lula afirmou ainda que nunca teve problemas com o agronegócio, que na questão econômica os grandes produtores sabem que seu governo é melhor que o anterior e que se a questão for ideológica "paciência" e que ficarão em campos opostos.

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