A Polícia Federal abriu um inquérito nesta quarta-feira (25) para investigar a crise que atinge o território indígena Yanomami, em Roraima, na região Norte do Brasil. A decisão atende a pedido feito pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, na terça-feira (25) para apurar a suposta prática de crimes de genocídio, omissão de socorro e de crime ambiental contra o povo indígena.
A investigação terá como foco o motivo da desassistência generalizada que levou a situações gravíssimas de saúde dos integrantes das comunidades e a eventual omissão de agentes públicos em políticas voltadas aos indígenas. O problema foi impulsionado pela invasão de garimpeiros de forma ilegal nas áreas protegidas.
A crise humanitária nos Yanomamis levou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a criar o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das populações em território Yanomami. Além disso, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no território.
Na terça, o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, afirmou que mais de mil indígenas já foram resgatados da região e que pelo menos um hospital de campanha já está sendo erguido. Estuda-se a possibilidade de acelerar um edital do Programa Mais Médicos para recrutar profissionais para os Distritos Sanitários Indígenas (Dsei) para atender a população da região.
A invasão do garimpo ilegal no território Yanomami foi denunciada ao menos 21 vezes à justiça, com medidas feitas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e outras organizações indígenas. Elas dizem que nos quatro anos da gestão de Jair Bolsonaro (PL) a União se negou a seguir ordens judiciais para tomar medidas urgentes sobre o garimpo ilegal na terra indígena, que fica em Roraima.
Em visita ao local no sábado (21), Lula classificou a situação dos Yanomami como “desumana” e culpou a gestão Bolsonaro. “Se alguém me contasse que em Roraima tinham pessoas sendo tratadas dessa forma desumana, como vi o povo Yanomami aqui, eu não acreditaria. O que vi me abalou. Vim aqui para dizer que vamos tratar nossos indígenas como seres humanos”, afirmou.
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